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Você tem um conselho para dar?

Ele está pedindo Nos fins de semana, designer coloca urna em locais movimentados de SP e, além de coletar frases, fotografa a reação das pessoas

Por Ana Bizzotto
Atualização:

Intervenção. Daniel com a caixa dos conselhos na Avenida Paulista: ideia surgiu depois de ler o livro de comentários de uma exposição no metrô e se expandiu para blog e Twitter

 

Um velho ditado diz: "Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia." Não é o que pensa o designer Daniel Motta, que decidiu contrariar a sabedoria popular nas ruas de São Paulo. Nos fins de semana, ele deixa na calçada de alguma via movimentada caixa com papel e caneta e o pedido: "Me dê um conselho." De um esconderijo, observa e fotografa a reação do público.

 

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A ideia surgiu quando o designer de 29 anos expôs ilustrações de seu livro Poptogramas Brasilis no Metrô. Após a mostra, ele recebeu o livro com comentários dos visitantes. "Eram sensacionais. Achei divertida a reação que as pessoas tinham em relação ao meu trabalho." Ele decidiu instigar o público a continuar se manifestando. Os resultados foram a caixa, o Twitter @medeumconselho e o site www.medeumconselho.com.br, em que o designer posta alguns dos recados que recebe e fotos de "conselheiros" em ação. Em dois meses, Motta já reuniu cerca de 400 colaborações. "A melhor coisa é quando chego em casa e começo a ler. Está funcionando exatamente como eu gostaria e imaginava", diz. "As reações são muito aleatórias. Tem conselho sério e conselho engraçado. Mas também conselhos clichê."Na sexta-feira, levou a caixa para a Avenida Paulista, pela primeira vez num dia útil. Não demorou para que alguns pedestres tomassem coragem.A estudante de moda Karina Saraiva, de 19 anos, hesitou, mas acabou deixando uma mensagem e chamou a colega Aline Guimarães, também de 19, para ajudar. A frase "Aprenda o que você não sabe ainda", acompanhada de uma mensagem de Gandhi, foi o recado de Aline. Já o jornalista Rafael Boro, de 26 anos, viu na caixa a oportunidade de divulgar seu blog sobre tênis. "É difícil dar conselho a uma pessoa que você não conhece", disse.A caixa já foi deixada por ele nas feiras do Bexiga e da Liberdade, Rua Augusta, Oscar Freire, Parque da Luz, Museu do Ipiranga e ruas do Centro. A única vez em que teve de sair do esconderijo foi quando um morador de rua tentou levar a depositária dos conselhos. "Eu estava fotografando na hora em que ele levantou a caixa. Tive de sair correndo para recuperá-la." Projetos. Uma das metas do designer é levar o projeto para a Virada Cultural e, quem sabe, fazer parceria com livrarias e outros locais estratégicos para deixar uma segunda caixa fixa durante alguns dias da semana. O designer quer transformar em livro a coleção de conselhos. "Mas vou ficar no mínimo um ano coletando mensagens para reunir uma grande variedade." E para onde ele planeja ir no próximo fim de semana? "Estarei domingo, às 14 horas, no Parque do Ibirapuera", promete.

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