Violência crescente faz passageiro evitar Uber

Usuários recorrem a outros aplicativos de transporte ou evitam viagens compartilhadas; caso de sequestro na Vila Olímpia ampliou preocupação

PUBLICIDADE

Por Isabela Palhares e Juliana Diógenes
Atualização:
Rubinato. Casal em carro solicitado levantou suspeita Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

SÃO PAULO - Após relatos de roubo e sequestro em carros do Uber, passageiros estão deixando de usar o aplicativo ou adotando estratégias de segurança por receio de serem vítimas de violência. Alguns dizem dar preferência para outros aplicativos que utilizam taxistas nas viagens. 

PUBLICIDADE

A analista Wendy Salgado, de 35 anos, conta que deixou de usar o Uber há algumas semanas, após ouvir relatos de roubo tanto de colegas como dos próprios motoristas do aplicativo. “Alguns me diziam que não era seguro, mas quando os próprios motoristas começaram a relatar situações de insegurança que viveram, decidi que não tinha mais confiança em usar.”

Ela diz que já não tem mais o Uber instalado no celular e só usa aplicativos que têm táxis como opção. “Faço 3 ou 4 viagens por semana e achei que as chances de algo errado acontecer eram muito grandes. Como são taxistas, eu sei que há uma seleção, que eles possuem alvará pela Prefeitura e então me senti mais segura”, afirma Wendy. 

O economista Sérgio Rubinato Filho, de 44 anos, conta que anda diariamente de Uber para ir ao trabalho, mas tem tido receio de usar o aplicativo. No fim de janeiro, ele solicitou uma viagem na categoria UberX - não compartilhada -, mas a motorista estava com uma pessoa no banco do passageiro dianteiro. 

“Ela me disse que era o filho dela e perguntou se havia algum problema. Eu disse que não, mas vi que ela estava muito tensa e que o homem não olhou para trás. Como ele estava com as mãos escondidas no meio das pernas, fiquei com medo e decidi sair do carro, disse que tinha esquecido algo em casa.”

Rubinato Filho conta que relatou o caso ao Uber por ter medo de que algo acontecesse com a motorista. “Eu não sei dizer se ela estava sendo coagida por aquele homem ou se ela planejava também algo. Fiquei com medo pela integridade dela”. 

Depois disso, Rubinato Filho diz ter mais cuidado ao entrar nos carros do Uber - evita viagens compartilhadas e sempre confere se não há ninguém a mais no veículo. E observa a placa. Ele também tem dois filhos de 14 e 15 anos, que costumam usar o aplicativo. “Com eles, peço para que me avisem quando entram e saem do carro e chamem imediatamente se houver atitude suspeita”, conta. 

Publicidade

Sequestro. Na quarta, uma mulher de 31 anos denunciou ter sido vítima de um sequestro relâmpago ao entrar em um carro do Uber, na Vila Olímpia, zona sul paulistana. Ela ficou por cerca de quatro horas com os ladrões, foi agredida, ameaçada de morte e teve de sacar R$ 3,4 mil em agências bancárias e gastar R$ 2,6 mil em uma loja de tênis para os assaltantes. 

Ao relatar o caso à polícia, a vítima tinha dúvidas sobre o envolvimento do motorista no crime. A Secretaria da Segurança Pública informou nesta sexta-feira, 3, que registrou boletim de ocorrência por extorsão. O motorista também foi suspenso pela empresa. 

Em nota, o Uber informou que, para o cadastro dos motoristas, é preciso apresentar carteira de habilitação com registro de EAR (exerce atividade remunerada) e, então, passar por “checagem de segurança”, que consiste na solicitação de antecedentes criminais. De acordo com a plataforma, este é um procedimento adotado em todos os estados da federação. 

Ainda segundo a empresa, os motoristas parceiros são “autônomos e livres para exercer suas atividades como melhor lhes convier”. A Uber disse também que a avaliação dos usuários ao fim das viagens serve para “balizar a qualidade do serviço”. Desde janeiro, o Uber passou a cobrar taxa extra de R$ 0,75 em cada viagem em todo o País, para apoiar ações de segurança a motoristas e usuários. 

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.