Vila Isabel: com Gisele, mas sem presidente

Apesar de Wilson Alves estar preso em Bangu, escola obteve patrocínio milionário

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Por Marcia Vieira
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Presidente de escola de samba na cadeia não é novidade no carnaval carioca. Em 1993, 14 bicheiros de escolas foram parar atrás das grades, acusados de formação de quadrilha. A novidade deste ano é que a Unidos de Vila Isabel conseguiu um contrato milionário com a multinacional Procter & Gamble mesmo com seu presidente, Wilson Vieira Alves, o Moisés, preso por envolvimento na máfia dos caça-níqueis. O acordo ainda garante a presença no desfile de Gisele Bündchen, garota-propaganda de uma linha de xampu da multinacional. A diretora de marketing da empresa, Juliana Azevedo, não vê constrangimento em ter a marca associada a uma escola cujo presidente cumpre pena no presídio de Bangu. "Esse patrocínio é uma parcela de um projeto muito maior da empresa no carnaval. O incidente de atividades do presidente deles na época é bem desassociado do nosso projeto", acredita Juliana. A marca também tem uma cota de patrocínio na transmissão da TV Globo.Nem a Vila nem a empresa revelam os valores. Mas é difícil manter segredo. Nos bastidores da Cidade do Samba, o comentário é que a escola recebeu R$ 4 milhões para fazer o enredo Mitos e Histórias Entrelaçadas Pelos Fios de Cabelo, que consumiu ao todo R$ 10 milhões. "O enredo não foi difícil de desenvolver", diz a carnavalesca Rosa Magalhães, a maior campeã do sambódromo, com cinco títulos.No ano passado, Rosa assinou o carnaval da União da Ilha, uma das mais pobres do Grupo Especial. "Lá eu tinha menos da metade do dinheiro que eu tenho agora na Vila para trabalhar", diz a Rosa, que comemora neste ano 40 anos de carnaval.A fartura no caixa da escola só é possível graças ao patrocínio. A injeção de dinheiro da multinacional na escola foi negociada por Wilsinho Vieira Alves, de 26 anos, filho de Moisés. "As escolas de samba vão virar grandes empresas. Isso faz parte da gestão empresarial da Vila."O presidente da Unidos de Vila Isabel foi preso em abril na Operação Alvará, da Polícia Federal. Moisés é acusado de ser o dono das máquinas caça-níqueis de Niterói e São Gonçalo. A investigação aponta que o Instituto Vila Isabel de Assistência Social era usado para movimentar recursos do grupo.Mas a presença do presidente nas páginas policiais não inibiu a estratégia da Vila: atrair celebridades. A missão foi dada a Léo Dias, ex-colunista de fofocas. Ele articulou a troca da rainha de bateria - sai Gracyanne Barbosa, namorada do pagodeiro Belo, e entra Sabrina Sato. "A presença dela nos ensaios é garantia de quadra cheia", diz Léo. Também estarão na Vila as atrizes Mayana Moura e Bárbara Borges e a ex-BBB transexual Ariadna.Nenhuma delas, claro, compara-se a Gisele, que estará no último carro usando um microvestido dourado. Martinho da Vila, presidente de honra da Azul e Branco, está otimista. "A presença da Gisele é excelente para a Vila. Ela é um mulherão."

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