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Vila é abandonada e vira cidade-fantasma

Após alagamento, os cerca de 2 mil moradores deixaram o local, que deve ser reconstruído em uma colina próxima

Por PORTO VELHO
Atualização:

Em São Carlos do Jamari, distrito a duas horas de barco rio abaixo, o Madeira invadiu tudo no Natal, e de lá para cá só sobe. O chão da vila sumiu. As ruas são percorridas de lanchas, barcos e canoas. O local deve ser totalmente reconstruído em uma colina do outro lado do rio."É uma tristeza", disse, na manhã de quinta-feira, o pescador Lourenço Gomes Lima, de 33 anos, que rondava a própria casa alagada. "Nunca se viu isso aqui. No inverno, o rio até subia o barranco, mas não entrava desse jeito", contou, explicando que a população, de cerca de 2 mil pessoas, foi embora. A energia da comunidade foi cortada e só um grupo de cerca de 50 homens permanece por lá para tentar impedir o roubo de objetos que a água não destruiu.Na vila, a água cobriu a praça central, que ainda estava em construção. No local, uma placa da prefeitura de Porto Velho informa o valor da obra: R$ 806 mil. "Aqui não dá mais para ficar e dizem aí que vão construir uma nova São Carlos", comentou o pescador Lima. "Lá, é bem mais alto do que aqui."Medo. "Aí para dentro assaltaram umas casas", disse Edivam Mendes de Britto, 50 anos, morador que se reveza com parentes na vigília do alto de uma construção de dois andares ao lado do campo de futebol, na entrada de São Carlos. Perto do campo, Érico Esteves, chefe do posto de saúde da vila, também inundado, é mais uma sentinela de São Carlos. A preocupação dele, que também teve a casa inutilizada, é com as doenças da enchente, que começam a aparecer. "Tem vindo aqui gente com febre", disse o agente de saúde, que mantém seu posto de atendimento montado sobre um flutuante. A médica da Saúde da Família da comunidade, a cubana Neida Hernandez de Castro, também foi embora. E o prédio da unidade de saúde está com o Madeira entrando pelas janelas. "O problema aqui agora é água", afirmou Esteves, emendando logo: "Água para beber". Com a enchente, o abastecimento de água potável é precário, levado só por equipes de socorro. Mas demora a chegar. / P.P.

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