Vigias de rua terão de se cadastrar e passar por cursos

Polícia decide fiscalizar atuação de guardas e treiná-los contra roubos a residências, como no caso do secretário dos Transportes

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Por Marcelo Godoy e Marcio Pinho
Atualização:

A polícia vai criar um setor de fiscalização e um curso na Academia da Polícia Civil para controlar e formar vigias de rua de São Paulo. A ordem foi dada ontem de manhã pelo delegado-geral, Marcos Carneiro Lima, ao Departamento de Identificação e Registros Diversos (Dird) da Polícia Civil. "Vamos padronizar procedimentos para que os vigias saibam o que fazer em uma situação de risco."Para a polícia, aumentar o controle dos vigias e treiná-los seria uma forma de obter informações sobre pessoas e veículos suspeitos. Esses dados podem ser fundamentais para o combate a roubos a residência, como o caso que envolveu anteontem o ex-secretário da Segurança Pública (2002 a 2006) e atual secretário dos Transportes e Logística, Saulo de Castro Abreu Filho. Ele foi mantido, com a mulher e a filha, refém em sua casa no Alto de Pinheiros, na zona oeste (leia ao lado).Hoje a polícia tem 1.918 vigias noturnos de rua cadastrados na Grande São Paulo - 1.167 na capital. Para trabalhar como segurança de rua, o interessado deve reunir assinaturas de moradores da região, tirar atestado de antecedentes criminais e encaminhar tudo à delegacia do bairro. Esta envia os documentos ao Dird, que mantém o cadastro.O problema é que ninguém fiscaliza os vigias. "Estimamos que existam quase 2 mil clandestinos na cidade", afirmou o delegado Elson Alexandre Sayão, diretor do Dird. Além de fiscalizar, a exemplo do que acontece com seguranças armados - trabalho da Polícia Federal -, o plano é ensinar procedimentos básicos, como saber quem chamar em uma emergência. "Queremos usar as informações que esses homens têm", diz Sayão.Os primeiros a serem treinados devem ser os guardas da zona oeste, que concentrou em 2010 o maior número de roubos a residência na cidade.Até na rua de Saulo há vigias que trabalham sem cadastro. Um deles, Adílio Ribeiro, diz que sempre que há algum crime escuta a "conversa do cadastramento novamente". Ele conta que a polícia chegou a pedir seus dados, mas não recebeu carteirinha ou documento confirmando o cadastro. Seu trabalho, diz, é voltado prioritariamente a moradores que contratam seus serviços - o secretário não está entre eles.Ao lado da casa de Saulo há uma guarita, que está vazia desde o começo de 2010. Outro vigia da rua, Kennedy Silva, diz que gostaria de ser cadastrado para evitar problemas com policiais. "Já fomos abordados e revistados no nosso trabalho. O cadastro evitaria isso."Para a presidente da Sociedade dos Amigos de Alto de Pinheiros (Saap), Maria Helena do Carmo, moradores não tomam os cuidados necessários para garantir que estão contratando um segurança treinado. Nem todos exigem atestado de antecedentes. Ela diz que esse foi o terceiro assalto a residência em três meses e o bairro precisa de mais rondas policiais.Procurado, o secretário não quis se manifestar. / COLABORARAM EDUARDO REINA E BRUNO PAES MANSO

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