
11 de setembro de 2010 | 00h00
Brito gastava todo o salário em drogas. Para tentar livrar-se do vício, recorreu à religião e a um centro de recuperação. Sem efeito. Sua esperança, agora, é ficar longe do crack na cadeia.
O vício, iniciado aos 15 anos, já o levou a separar-se da mulher e do filho. A relação com os pais, com quem residia no Jardim Noêmia, também vinha se tornando cada vez mais difícil ultimamente.
Brito é o terceiro de cinco irmãos. A mãe ficou decepcionada com a prisão do filho, mas nada mais conseguia fazer para distanciá-lo do vício. O pintor ajudava a família nas despesas da casa até começar a fumar crack. A mãe torce para que na cadeia o filho não tenha contato com a droga.
A atitude de Brito surpreendeu o escrivão que trabalhava no plantão policial. Mas não o diretor da Cadeia da Guanabara, Eduardo Lopes Bonfim. O delegado diz que foi a primeira vez que isso ocorreu em seu plantão, envolvendo caso de drogas, mas não é fato inédito alguém pedir para ser preso.
Há vários anos, segundo Bonfim, um homem foi libertado após 20 anos preso e, sem ter onde morar, acabou indo dormir numa construção. Foi roubado e agredido. "Ele me pediu para voltar para a cadeia, mas eu disse que só em caso de flagrante ou mandado de prisão." O ex-detento, então, assaltou uma casa e finalmente voltou para a cadeia.
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