Viaduto menor espera demolição há 20 anos

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Por Diego Zanchetta
Atualização:

Cinco vezes menor que o Minhocão, o Viaduto Diário Popular também é um dos símbolos da degradação do centro velho de São Paulo, localizado ao lado da Rua 25 de Março. Das primeiras marteladas da ex-prefeita Luiza Erundina em suas vigas, em junho de 1989, até outubro de 2006, quando o prefeito Gilberto Kassab (DEM) abriu licitação para a implodir a estrutura, quatro prefeitos já garantiram a demolição da antiga ligação leste-centro, construída em 1969.A promessa nunca foi cumprida e o alicerce do viaduto de 540 metros segue como abrigo para centenas de moradores de rua e viciados. Nesses 20 anos de espera, a demolição virou até diretriz para o modelo de recuperação do centro, que consta no atual Plano Diretor, de 2002, e no programa do governo atual.Os ex-prefeitos Marta Suplicy (2001-2004) e José Serra (2005-2006) também queriam abolir a via, por onde passam 1.200 carros por hora, bem abaixo da capacidade de tráfego, de 6 mil veículos/hora, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego. Mas as complicações que a implosão poderia causar no trânsito da Avenida do Estado e na estrutura do Mercado Municipal adiaram os sucessivos projetos. Mais recentemente, surgiu uma complicação jurídica. Uma das empresas derrotadas na concorrência pública que definiu em 2008 a construtora que faria a demolição manual do viaduto entrou com ação na Justiça e colocou a escolha sub judice. O caso engessou todo o projeto de reurbanização do Parque D. Pedro planejado por Kassab. Hoje o viaduto é usado principalmente por ônibus de sacoleiros que saem da Avenida do Estado e retornam à Rua 25 de Março. Também serve para quem vai da Rua do Gasômetro, no Brás, ao Parque Dom Pedro, evitando o trânsito da Avenida Mercúrio.Degradação. "Desde a inauguração, o Viaduto Diário Popular não tinha qualidade como projeto urbanístico. Liga o nada a lugar nenhum e acabou com a luminosidade no Parque Dom Pedro", critica o historiador da Universidade de São Paulo (USP) Benedito Lima de Toledo.Fica difícil acreditar que a região abaixo do viaduto, cheia de lixo e carroças de moradores de rua, já foi uma área de lazer. O parque, projetado pelo francês Joseph-Antoine Bouvard (1840- 1920), surgiu em 1922 para compor o conjunto arquitetônico formado pelo Palácio das Indústrias e o Mercadão. Nos fins de semana, o Parque D. Pedro era frequentado pela elite."A demolição do Diário Popular demandaria menos tempo que a do Minhocão, também necessária. Poderíamos ganhar de graça um parque hoje degradado", conclui o historiador.

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