Viaduto estaiado será aberto com 2 anos de atraso

Após quatro promessas de inauguração não cumpridas, obra que custou R$ 29,9 milhões no Tatuapé vai ser entregue no domingo

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Por Caio do Valle
Atualização:

Quase quatro anos depois do início das obras e de ter quatro prazos de conclusão, o viaduto estaiado do Complexo Viário Padre Adelino, no Tatuapé, zona leste de São Paulo, será finalmente inaugurado no domingo. A estrutura, sobre a Avenida Salim Farah Maluf, deverá receber o nome do antigo arcebispo de Mariana, Luciano Mendes de Almeida. A inauguração ocorre justamente no fim de semana que marca o quinto aniversário da morte do bispo. Com um mastro de 43 metros de altura e 40 estais azuis, a ligação, que tem duas faixas por sentido, custou R$ 29,9 milhões. Por ela, está prevista a passagem de uma linha atualmente desativada de trólebus - os braços de metal para segurar os fios que alimentam os ônibus já estão sendo instalados. Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb), o outro viaduto do sistema, que liga as Ruas Catiguá e Engenheiro Balem, também será aberto.Ao custo de R$ 114 milhões, o complexo viário foi construído para melhorar a fluidez no trânsito da Salim Farah Maluf. As obras incluíram o alargamento do Viaduto Pires do Rio e a criação de alças de acesso. Quando estiver totalmente aberto, dois cruzamentos na avenida - o das Ruas Restinga e Padre Adelino - perderão os semáforos. A previsão da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) é de que 6,5 mil veículos circulem nos novos viadutos nos horários de pico.Queixas. Os moradores de ruas próximas reclamam dos atrasos para a conclusão da obra, cujo prazo foi alterado quatro vezes pela gestão do prefeito Gilberto Kassab (sem partido): primeiramente 2009; depois, março, maio e, finalmente, agosto deste ano. "Não entendo por que demorou tanto para acabar. No fim, acho que vai ajudar a resolver só um pouco o trânsito", diz o gerente comercial Egler Cunha, de 60 anos.A Siurb informou, por meio de nota, que o prazo se estendeu principalmente por causa de atrasos nas desapropriações, como a do terreno na cabeceira oeste do viaduto. Já para o advogado Eugênio Guadagnoli, que há alguns anos integrou um fórum de discussões sobre o complexo viário, houve falha. "Atrasar uma obra porque não se planejou logo a desapropriação indica falta de um planejamento efetivo."Outra queixa se refere ao nome escolhido para o viaduto. Segundo Guadagnoli, parte dos moradores gostaria que o viaduto fosse batizado como Braz Jaime Romano, um jornalista do bairro - a proposta chegou a virar projeto de lei na Câmara Municipal, juntamente com outros três nomes, incluindo o de Jacques De Molay, templário do século 13. No fim, optou-se pelo nome do ex-bispo auxiliar da capital.O NOMED. LUCIANO MENDES DE ALMEIDAARCEBISPO DE MARIANA (1930-2006)Ordenado bispo em 1976 pelo papa Paulo VI, também foi auxiliar de d. Paulo Evaristo Arns na zona leste de São Paulo. Como o Estado revelou nesta semana, a CNBB deve recomendar sua canonização ao Vaticano.

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