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Vereadores mantêm influência nas subprefeituras de SP

Ao contrário do que ocorria antes de 2005, subprefeitos não são indicados pelos vereadores, mas pelo prefeito

Por Bruno Paes Manso
Atualização:

Vereadores de São Paulo continuam a exercer influência nas subprefeituras. São cerca de 1.600 cargos de confiança espalhados pelas 31 subs da cidade, cujos titulares podem mudar conforme a administração municipal. Essa ampla fatia de empregos vinculados a indicações políticas, mais o prestígio que as subprefeituras destinam a certas lideranças locais, favorecem a ascendência que membros do Legislativo têm em diferentes regiões da cidade.O Estado obteve junto a funcionários da Prefeitura, que não querem ser identificados, o mapa que indica as zonas de influência dos vereadores nas subprefeituras. Ao contrário do que ocorria antes de 2005, os subprefeitos não são mais indicados pelos vereadores, mas pelo prefeito. Quando os subs são escolhidos, no entanto, segundo a Prefeitura, eles têm autonomia para definir sua equipe. Na hora de escolher os quadros de funcionários, o Executivo considera que a ajuda dos vereadores na indicação dos postos é legítima. "Existem vereadores distritais, com larga votação em bairros específicos, que conhecem bem a região e nada mais justo que indiquem funcionários para ajudar", afirma Antônio Carlos Malufe, secretário de Relações Governamentais.A propagada autonomia dos subprefeitos faz a relação com os vereadores variar conforme a região. Em Ermelino Matarazzo, na zona leste, um dos cargos mais cobiçados da sub, a Coordenadoria de Desenvolvimento e Planejamento Urbano (CPDU), responsável pela liberação das plantas e projetos habitacionais, é ocupado pelo engenheiro Oscar Nichi que, segundo o site De Olho na Câmara, foi na eleição de 2008 o principal doador da campanha do vereador Adolfo Quintas (PSDB), que exerce influência na subprefeitura. Nichi deu R$ 12.335 à campanha do vereador.Na Subprefeitura da Penha, na zona leste, cuja influência vem sendo exercida historicamente pelo vereador Toninho Paiva (PR), a função de CPDU passou a ser exercida por Reginaldo José Fazzion, que durante a gestão de Celso Pitta foi administrador regional da Penha. Em 2007, quando Fazzion era supervisor de fiscalização da Sé, o nome dele apareceu em escutas durante a Operação Têmis, da Polícia Federal, como suspeito de evitar a fiscalização de bingos no Ipiranga, na zona sul. "Sou o mais votado na Penha nas últimas cinco eleições e é natural que eu exerça influência na região. Mas quem indica os funcionários é o subprefeito. Não eu", disse Paiva. A ascendência sobre o subprefeito, às vezes, chega a virar alvo de ataques. O vereador Ricardo Teixeira (PSDB) exerce influência nas Subprefeituras de Itaim Paulista e São Miguel Paulista, na zona leste. Está quase sempre presente em eventos locais, ligados a obras e projetos para a região. Distribui panfletos de campanha apontando obras que foram feitas pelas subprefeituras e com o apoio dele no Legislativo. Em dois desses folhetos, obtidos pelo Estado, anunciava até a construção de um "sarjetão" e de um "muro de arrimo". "Mas a influência vai além. Só com a ajuda do vereador é possível aprovar pedidos com mais rapidez", afirma o empresário Sérgio Faria, do Itaim Paulista, que é filiado ao DEM. Teixeira não respondeu aos questionamentos do Estado.Milton Leite (PMDB), em M"Boi Mirim, Goulart (PMDB), na Capela do Socorro, e Antônio Carlos Rodrigues (PR), no Campo Limpo, bairros da zona sul, são lideranças que vêm conseguindo manter a influência histórica que já exerciam em administrações anteriores. Desavenças com Leite levaram a Prefeitura a trocar o subprefeito de M"Boi Mirim, Carlos Roberto Fortner, amigo de Kassab na Poli, que passou a comandar a Subprefeitura de Cidade Ademar. "Essa influência é natural. Tenho voto na padaria, no bar. Sou campeão de votos no Campo Limpo desde 2000 e, se for ver entre todos os funcionários da sub, certamente mais da metade vota em mim", diz o vereador Antonio Carlos Rodrigues (PR).A força dos vereadores deixa alguns subs desanimados. O Estado conversou com um deles na sexta, em uma praça de alimentação longe do lugar onde ele trabalha. O sub não queria ser identificado para não queimar sua carreira. É um administrador competente e tem ideias criativas. "Mas isso é o que menos pesa", lamentava. "O que importa são os acordos políticos."

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