Vereadora de SP diz que foi xingada de 'vagabunda' e 'terrorista' por colega

Presidência da Câmara Municipal informou que vai instaurar uma sindicância interna por quebra de decoro contra o vereador

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Por Adriana Ferraz e Juliana Diógenes
Atualização:
Vereadora do PSOL gravou um vídeo expondo o episódio Foto: Reprodução/Facebook/Isa Penna

A vereadora de São Paulo Isa Penna (PSOL) diz que foi xingada de "vagabunda" e "terrorista" pelo também parlamentar Camilo Cristófaro (PSB) no elevador da Câmara. Cristófaro teria falado ainda para Isa não ficar surpresa "se tomar uns tapas na rua". 

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A presidência da Câmara Municipal informou que vai instaurar uma sindicância interna por quebra de decoro contra o vereador. A medida será tomada pela Casa porque a parlamentar prestou queixa a policiais militares lotados na Casa acompanhada de uma testemunha do episódio.

De acordo com Isa, o episódio ocorreu no elevador privativo da Câmara por volta das 19h30 desta quinta-feira, 16. A parlamentar disse que se deslocava para uma reunião onde trataria deaudiência pública de combate à violência contra a mulher. 

Cristófaro, também no elevador e acompanhado de dois assessores, estava olhando com "uma cara extremamente esquisita", explicou. "Falei 'tudo bem?'. Ele falou: 'Bem, não. Com essa boca que você tem, vai mal. Vai muito mal'. Perguntei por quê e ele falou: 'Você pensa que vai ficar barato? Vamos pedir a sua cassação'.", disse Isa. 

Neste momento, conforme a vereadora, Cristófaro "ficou irracional" e passou a xingá-la de "vagabunda". "Foi absurdo. Ele me chamou de vagabunda, começou a metralhar. E falou: 'Depois não vai ficar surpresa se você tomar uns tapas na rua'."

A agressão teria continuado quando eles saíram do elevador. "Ele continuou gritando comigo, veio até mim e ficou me intimidando fisicamente. No vídeo mostra e eu me lembro que, em determinado momento, ele chega a encostar em mim e vem para me empurrar, mas dou um passo para trás", contou ela. 

Isa diz que vai registrar ainda nesta sexta-feira, 17, um boletim de ocorrência na delegacia contra o vereador por lesão corporal e agressão verbal. Também pedirá à Comissão de Ética a cassação de Cristófaro por quebra de decoro parlamentar. A ascensorista já prestou depoimento e, segundo a vereadora, "estava super nervosa" com o ocorrido.

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Esta é a segunda denúncia de agressão dentro da Casa. Em 10 de fevereiro, a petista Juliana Cardoso acusou assessores de Fernando Holiday (DEM) de invadirem o gabinete da liderança do PT e agredirem verbalmente e com tapas parte dos funcionários do partido durante uma reunião com o senador Lindberg Faria (PT). Holiday nega. O caso está na Corregedoria da Câmara.

'Mentira'. "Não tenho posição nenhuma para passar sobre isso. Não vou dar palanque para quem tem 30 dias de mandato com 20 aninhos de idade querendo aparecer", disse Cristófaro. Isa é suplente do vereador Toninho Véspoli (PSOL) - que se licenciou - e está no cargo desde o dia 8 de março. 

O vereador confirmou que pegou o elevador com Isa na quinta, mas disse que as acusações dela são mentirosas. "Uma coisa é pegar o elevador, a outra é a mentira que ela está contando. Eu não vou atrás de mentira, comigo é verdade. Se quiserem inventar notícia, que inventem."

Líder da bancada do PSOL, a vereadora Sâmia Bomfim reagiu: "Isso foi uma demonstração de machismo. Há vereadores incomodados na Câmara com a nossa postura, nossa luta feminista. A vinda da Isa neste mês acentuou isso."

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O PSOL tenta aprovar uma CPI na Casa sobre violência contra a mulher na capital.

Segundo Cristófaro, a ascensorista relatou a uma procuradora da Câmara Municipal e a um capitão da PM que não ouviu toda a discussão entre os vereadores porque ela começou no elevador, mas continuou fora dele. De acordo com o termo de declaração prestado pela funcionária - e enviado ao Estado pelo vereador -, o parlamentar disse: "Cuidado com essa sua boca porque você não sabe com quem está mexendo." Isa então teria respondido: "Quem é você, eu nem te conheço." Em seguida, a vereadora desceu no primeiro subsolo e sorriu. Cristófaro então perguntou a ela: "Está rindo de mim?" E também deixou o elevador, continuando com a discussão do lado de fora. A testemunha ainda disse à polícia que sugeriu aos assessores do parlamentar que permaneciam no elevador que saíssem para apartar a discussão.