
09 de janeiro de 2011 | 00h00
"Vamos nessa", respondeu Gérson a um ex-capitão da Polícia Militar que convidou os dois primos a vender o órgão. Gérson viajou para Durban, na África do Sul, para retirar um rim, recebido por uma israelense. Fez a cirurgia em agosto de 2002, no Hospital St. Augustine, e voltou com dinheiro e histórias que pareciam impossíveis.
Mecânico, estava sem emprego na época. Ficou em um hotel cinco-estrelas à beira-mar e tinha um cartão de crédito, sem custos, com que pagava as contas. A operação correu bem. Passou entre 30 e 40 dias na África do Sul.
A experiência do primo levou Marcondes a seguir o exemplo pouco tempo depois. Ele ficou quase dois meses em Durban. Não recebeu os mesmos US$ 10 mil - levou US$ 6 mil -, nem ficou hospedado em hotel cinco-estrelas, mas recebeu um cartão de crédito.
Hoje os dois têm cicatrizes de 40 centímetros, mas suas vidas não indicam mudança. "Ninguém enriqueceu", diz Marcondes. Os dias presos, as acusações, os depoimentos à Justiça e as CPIs que investigaram o caso não destruíram o que eles consideram "a experiência mais fantástica" que tiveram na vida.
Já para Rogério Bezerra da Silva, a experiência em Durban foi traumática. Ele estava na cidade quando a organização criminosa foi desbaratada. Voltou para casa sem um rim e sem o dinheiro, que foi confiscado.
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