
28 de novembro de 2014 | 03h00
Moradores da região central de São Paulo já começaram a fazer as contas na ponta do lápis para encaixar o aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) no orçamento de 2015. No distrito da Sé, a situação dos contribuintes é ainda pior: o bairro terá um reajuste de 15,3% - o maior da capital.
O contador Luciano Gonçalves, de 40 anos, mora na região há quatro. Natural de Minas Gerais, aluga um apartamento de um quarto, com 30 metros quadrados. Viu o aluguel subir de R$ 1,6 mil para R$ 2,5 mil desde que chegou a São Paulo. Nesta quinta-feira, 27, o síndico do prédio já avisou os moradores das novas tarifas do condomínio. “Meu condomínio vai subir quase R$ 200, mas meu salário não acompanha tanto imposto”, reclamou. “O jeito vai ser reduzir minhas viagens para visitar a família e diminuir as compras no supermercado. Sinceramente, não sei mais de onde cortar os gastos”, afirmou.
Mas não é só no bolso que os moradores do centro sentem o aumento do IPTU. A principal crítica dos contribuintes é que os impostos não estão sendo revertidos em melhorias para a região. Calçadas esburacadas, falta de iluminação pública e ruas sujas estão entre as principais queixas de quem mora por lá. “Se tivesse obra, segurança e visse esse dinheiro todo que a gente vai pagar a mais sendo investido no centro, pagaria o IPTU com o maior gosto”, afirmou. “O problema é que a gente não vê retorno no nosso dia a dia. Por isso que o paulistano reclama do aumento”, reclamou.
Imobiliárias. Para quem pretende morar na região, o impacto nos preços dos imóveis foi instantâneo. O estudante de Administração Jeferson Camargo, de 23 anos, estava pesquisando apartamentos na Sé para alugar e se mudar antes do fim do ano. Ele já visitou mais de dez imóveis no último mês. Na segunda-feira, encontrou uma quitinete por R$ 800, mais R$ 350 de condomínio. O valor cabia no orçamento. Em nova ligação, na tarde de ontem, a tabela já estava corrigida.
“O que custava R$ 350 passou para R$ 500. A justificativa que me deram foi o reajuste do IPTU”, explicou. “Trabalho na região central, mas com esses preços fica inviável morar por aqui.”
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