Usuários de drogas em tratamento no Complexo Prates, unidade da Prefeitura localizada na região central de São Paulo, fizeram um ato na tarde desta terça-feira, 15, contra a demissão de duas funcionárias do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) que funciona dentro da unidade.
Segundo os manifestantes, uma psicóloga e uma enfermeira foram demitidas porque estavam ajudando os dependentes químicos a se articularem para cobrar a melhoria do serviço do complexo, que conta com albergue, centro de convivência, além do Caps.
“O local que dormimos é sujo, temos que comer ao lado de pombos, a Guarda Civil Metropolitana às vezes nos trata com truculência. As funcionárias do Caps estavam nos ensinando a cobrar nossos direitos de forma civilizada, com abaixo-assinado, assembleias. Foi por isso que elas foram demitidas”, diz Lucas Marcelo Cardoso, de 32 anos, usuário de crack que frequenta o complexo há seis meses.
As demissões aconteceram há pouco menos de três semanas. Desde então, a maioria dos cerca de 400 usuários que fazem tratamento no local deixaram de participar das atividades terapêuticas como forma de protesto.
Ontem, eles cobravam que a organização social Irmãs Hospitaleiras, que administra o Caps em parceria com a Prefeitura, fosse tirada da administração da unidade e que as funcionárias fossem readmitidas.
Em nota, a Prefeitura informou que as relações trabalhistas dos funcionários com a entidade não são de responsabilidade da Secretaria Municipal da Saúde, “que acompanha o caso para evitar desassistência aos usuários e monitora o andamento do plano de trabalho desenvolvido”.
Sobre os problemas relatados pelos usuários, a Prefeitura afirmou que a secretária municipal de Assistência Social, Luciana Temer, já se encontrou com os dependentes, “tomou ciência da situação e das demandas e se comprometeu a atuar junto à entidade que administra os serviços de assistência”.
A Prefeitura informou também que o centro de acolhida do complexo é higienizado três vezes ao dia e que os funcionários do local “tomam as medidas possíveis para evitar a presença das aves que sobrevoam a região por conta da cooperativa que funciona nas proximidades”.
Sobre suposta ação imprópria da GCM, a corporação afirmou que “qualquer ato de violência contraria completamente as diretrizes e orientações de atuação da Guarda” e deve ser denunciado à Corregedoria Geral ou à Ouvidoria do órgão.
A reportagem não conseguiu contato com representantes da organização social Irmãs Hospitaleiras.