
09 de dezembro de 2012 | 02h02
Em todo o Rio, já são 28 UPPs - a meta é chegar a 40 em 2014. Desde 2008, não há homicídios na favela. Segundo pesquisa do Laboratório de Análise de Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), houve redução de 78% na taxa de mortes violentas por cem mil habitantes, considerando homicídios, autos de resistência e latrocínio. Mas moradores reclamam da truculência da polícia.
Para o pesquisador da Uerj Luiz Antonio Machado, que também assina um dos artigos do livro, UPPs funcionam como uma "policialização das políticas sociais", o que reforça a segregação nas favelas. "Ela coloca a atuação da polícia no centro da discussão, o que já é um avanço. Torço para que isso signifique um desafogo do medo e o início de medidas mais dialógicas."
O aumento do custo de vida, a especulação imobiliária e a verticalização são outros problemas. Em quatro anos, sobrados de dois quartos no Morro Dona Marta valorizaram 112% - e a procura continua subindo, principalmente por estrangeiros.
Para a pesquisadora Letícia Luna, também organizadora do estudo, o enobrecimento de favelas é acelerado pela especulação decorrente de grandes eventos. Para ela, a maior das mudanças na favela em 50 anos é simbólica - discursos mudaram, velhas práticas continuam. "A favela tem uma complexidade enorme, comércio forte, produção cultural intensa. O desafio é assumir essa diversidade e enxergá-la como espaço de coexistência, em que todos têm direitos iguais." / A.P.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.