
21 de junho de 2010 | 00h00
Melo Jr. era casado com uma filha de Francisco de Assis Peixoto Gomide (1849-1906), que foi presidente do Estado de São Paulo, como era designado o governador, em 1897-1898. Mandou construir o prédio no terreno em que existira a casa que fora de seu sogro, na rua que se chamava antigamente Rua da Princesa. Gomide fora um político influente na nova era republicana paulista e foi por muitos anos membro do Senado estadual de São Paulo. Era seu protegido, cujos estudos apoiara, o poeta parnasiano Manuel Batista Cepelos (1872-1915), mulato, nascido em Cotia, promotor público, que fora também capitão da Força Pública de São Paulo.
Ele e uma das filhas de Gomide, Sofia, tornaram-se muito amigos e muito ligados um ao outro. Gomide não se opôs à amizade dos dois, uma vez que Cepelos frequentava sua casa como se fosse um membro da família. Até um dia de 1906 em que os dois lhe anunciaram a intenção de noivar e casar. O pai da moça se opôs com veemência, oposição que ela recusou. Gomide se trancou com a filha num cômodo da casa e a matou com um tiro no peito, matando-se em seguida com um tiro na cabeça. O poeta Batista Cepelos era também seu filho, de relação que tivera aos 23 anos de idade. Desesperou-se ante a iminência do incesto de um casamento entre irmãos, pelo qual se tornaria responsável.
Batista Cepelos mudou-se para o Rio de Janeiro, tendo sido, ao fim de alguns anos de crise pessoal, nomeado promotor público de Cantagalo. Antes que tomasse posse, foi encontrado morto de uma queda em penhasco no bairro do Catete, não se sabendo se foi assassinato ou suicídio. Aos poucos sua poesia foi sumindo no tempo, vitimada pelos esquecimentos que aprisionam as vidas trágicas: "E, pousando a cabeça em teu seio, que estua,/ sinto um sono ligeiro, um sussurro de brisa,/ que me suspende ao céu e pelo céu flutua...".
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