29 de novembro de 2010 | 00h00
UMA SEMANA DE TENSÃO E MEDO
DOMINGO, 21/11
Começam os ataques
Seis homens armados roubam um carro à tarde, queimam mais dois veículos e atiram contra um carro oficial da Aeronáutica na Linha Vermelha. O grupo ainda assalta ocupantes dos carros incendiados, levando joias, dinheiro e celulares. Ninguém fica ferido. A população começa a ter medo de arrastões e a Polícia Militar atribui os ataques à implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e à expulsão de traficantes das favelas.
SEGUNDA, 22/11
Operação de fim de ano é antecipada
Mais carros são queimados e uma cabine da Polícia Militar é atacada. O esquema de policiamento de fim de ano é antecipado para evitar novos ataques. As primeiras informações dão conta de que o Comando Vermelho, que domina a Vila Cruzeiro, teria se unido aos Amigos dos Amigos (ADA), que comandam a Rocinha. Desde janeiro de 2008 não era feita operação de busca a traficantes no Complexo do Alemão nem na Vila Cruzeiro.
TERÇA, 23/11
Primeiros confrontos
A PM inicia operação em 18 favelas dominadas pelo Comando Vermelho, que resulta na prisão de 11 homens e na morte de outros dois. Na Vila Cruzeiro, escolas e comércio fecham as portas. A Secretaria de Segurança do Rio confirma que os atentados haviam sido autorizados pelos traficantes Marcio Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, e Marco Antônio Pereira Firmino, o My Thor, presos na Penitenciária Federal de Catanduvas.
QUARTA, 24/11
Dezoito são mortos em tiroteios
Mais 30 veículos são incendiados e os confrontos entre policiais e bandidos se intensificam. Dezoito pessoas são mortas, entre elas uma jovem de 14 anos. O Bope entra em quatro favelas da Penha e tem um dos "caveirões" atacado por coquetéis molotov. Oito presos acusados de ordenar os ataques são transferidos para Catanduvas. O governador Sérgio Cabral pede apoio logístico à Marinha. A imprensa estrangeira começa a repercutir o caso.
QUINTA, 25/11
Vila Cruzeiro é tomada
Com ajuda de seis veículos blindados da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, o Bope e as polícias Militar, Federal e Civil tomam a Vila Cruzeiro. O tiroteio dura 40 horas e o número de mortos sobe para 35. Pela TV, a população assiste à fuga de cerca de 200 traficantes, alguns a pé, por uma estrada de terra até o Complexo do Alemão. Ruas da Vila Cruzeiro ficam totalmente vazias. Ataques a carros continuam pela cidade.
SEXTA, 26/11
Decretada a prisão de advogados
As mortes chegam a 49 e os veículos incendiados, a 100. A operação conta agora com o apoio de 800 homens do Exército e 300 da Polícia Federal. A polícia acha duas toneladas de drogas na Vila Cruzeiro, armas e munições. Após interceptação telefônica, a Justiça decreta a prisão dos advogados de Marcinho VP, Flavia Pinheiro Froes, Luiz Fernando Costa e Beatriz Costa de Souza. Acusados de associação ao tráfico, eles estão foragidos.
SÁBADO, 27/11
Familiares são presos
A polícia amplia o cerco e prende familiares de traficantes na Vila Cruzeiro, entre eles Márcia Nepomuceno, mulher de Marcinho VP, e Viviane Sampaio, casada com Polegar, ambos líderes do Comando Vermelho. Os chefes da facção baixam uma ordem no Complexo do Alemão impedindo moradores de sair. Muitos são ameaçados de morte. A polícia prende Faustão e Branquinho, dois traficantes que teriam fugido da Vila Cruzeiro.
ONTEM
6h40. Traficantes e policiais trocam tiros nos dois lados da Favela da Grota.
7h59. Um helicóptero blindado sobrevoa as casas e snipers trocam tiros com traficantes.
8h25. O chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, anuncia que as áreas conhecidas como Areal e Coqueiral foram tomadas.
10h. O tiroteio se intensifica com a entrada de blindados e helicópteros fazendo voo rasante sobre as casas, na Grota.
10h45. O delegado Marcus Vinicius Braga, do gabinete de comando de crise, diz que a situação é "preocupantemente tranquila".
11h30. Paraquedistas entram pela Grota.
11h35. Cerca de 20 homens do 16.ºBPM trocam tiros com traficantes. Um deles morre.
13h42. Policiais fincam a bandeira do Brasil no ponto mais alto do Complexo do Alemão.
15h. PMs prendem o traficante Elizeu Felício de Souza, o Zeu.
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