19 de junho de 2011 | 00h00
Para o escritor argentino Frederico Andahazi, é impossível entender um país se não for à luz da história de sua sexualidade. Ele explica: "Os países, assim como seus habitantes, são filhos de uma complexa rede de relações sexuais - digo sem metáforas. As mais antigas políticas estabelecidas em nossos países foram sexuais: a mestiçagem durante a conquista (Ibérica), a consolidação das oligarquias pelo pacto entre famílias e a imigração foram políticas sexuais."
E como seria a história sexual dos paulistanos? "Muito extensa. Não sei se teria uma vida para contá-la." Andahazi achava a capital paulista tão incompreensível quanto o Brasil. Mas só até conhecer sua gente. "São amáveis e generosos. Sinto-me bem imediatamente aqui, como se estivesse em casa."
A casa dele fica em Buenos Aires, de onde escreveu Pecar como Deus Manda, uma não ficção sobre a sexualidade dos argentinos. Com metáforas, Andahazi diz que Buenos Aires é uma mulher bonita complexada e preocupada com o que falam dela. São Paulo, por sua vez, desfruta da vida sem se importar com o que os demais podem dizer.
No Festival da Mantiqueira, ele cobrou intercâmbio das produções literárias vizinhas. "Vejo, com preocupação, que quase não publicam novos autores brasileiros na Argentina e não traduzem argentinos ao português."
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