Um em cada 6 homicídios no Estado de SP tem indícios de execução

Detalhamento inédito aponta que os conflitos entre pessoas ainda respondem pela motivação dos homicídios em 23,6% dos casos

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Por Luciano Bottini Filho
Atualização:

SÃO PAULO - Dados divulgados pela primeira vez nesta sexta-feira, 23, mostram que 17,7% dos homicídios registrados no Estado de São Paulo de janeiro a abril deste ano tiveram indícios de execução. Nestes assassinatos, segundo a própria Secretaria da Segurança Pública (SSP), "é possível dizer que a vítima foi surpreendida, em uma ação planejada, por pessoas que claramente tinham a intenção de executá-la".

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O secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, usou o detalhamento do perfil dos assassinatos para mostrar que a queda das taxas desse crime é resultado da ação da polícia - e não por ordem de facções criminosas.

Os chamados "homicídios ligados à criminalidade urbana violenta" (como aqueles com indícios de execução, envolvimento com tráfico, discriminação, abuso sexual, morte em prisões e linchamento) representaram 46,5% dos homicídios praticados entre janeiro a abril deste ano, segundo dados apresentados pela SSP.

"A queda (nas mortes) que nós tivemos neste último ano não é, como alguns dizem maldosamente ou equivocadamente, fruto de uma deliberação do crime organizado, pois elas estão relacionadas a outros crimes", disse Grella.

O detalhamento do perfil dos homicídios, que a partir de agora também será divulgado mensalmente, aponta que conflitos entre pessoas correspondem a 23,6% da motivação total desses crimes. Eles incluem brigas entre conhecidos e desconhecidos (11,1%), entre familiares (6,9%) e conflitos entre casais (5,6%).

Mas o levantamento também aponta uma lacuna na apuração das motivações de pelo menos metade dos homicídios: 22,2% dos assassinatos são de vítimas mortas sem indício de motivação na hora da ocorrência e 28% não têm qualquer classificação porque ainda não foram esclarecidos no registro da polícia.

Com isso, menos da metade dos homicídios é solucionada: de 359 casos avaliados em abril, só 140 foram esclarecidos (39%). Em todo o ano passado, o índice não foi muito diferente: de 1.664 ocorrências analisadas, 628 (38%) tiveram autoria definida.

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Vítimas. Os dados da SSP também reforçam o perfil das vítimas mais frequentes de mortes violentas no País. Entre janeiro e abril deste ano, os jovens entre 15 e 29 anos concentraram a maioria das mortes, com 34,2% das ocorrências. Em seguida, vêm as vítimas de 30 a 39, com 22,5% dos homicídios. Homens são a maioria dos mortos, em 84,5% dos casos.

Pela cor, brancos, pardos e pretos representam o número de vítimas nesta ordem: 46,2%, 39,4% e 9,5%.

Embora as mulheres sejam minoria entre vítimas de assassinatos, elas foram as que mais morreram em conflitos entre casais (63,2%), que representam 5,6% de todos os assassinatos no primeiro quadrimestre. Entre os homicídios com sinais de violência sexual, elas foram 83,3% das vítimas.

O detalhamento também mostra que a maioria dos homicídios (63,1%) foi cometida em vias públicas no Estado de São Paulo; 15,8% foram dentro de residências. / COLABOROU DANIEL TRIELLI

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