A demolição dos Edifícios São Vito e Mercúrio, no centro de São Paulo, terminou há mais de um ano. Porém, a construção de unidades do Sesc e do Senac, primeiro passo para um projeto de revitalização do Parque Dom Pedro II, anunciado pela Prefeitura no ano passado e orçado em cerca de R$ 1,5 bilhão, não tem prazo para começar. O Sesc só pretende contratar um escritório de arquitetura para desenvolver o projeto executivo do seu novo prédio quando tiver a posse do terreno assegurada. Para isso, a Câmara Municipal precisa aprovar um projeto de lei de concessão de uso da área onde ficava o São Vito. A Prefeitura informou que pretende enviar o texto para análise dos vereadores nos próximos dias."Antes de investir, precisamos ter certeza do compromisso", afirma o coordenador de Planejamento do Sesc, Sérgio José Battistelli. "Sabemos que há um empenho muito grande da Prefeitura para enviar o projeto de lei o mais rápido possível", diz. Segundo ele, após a concessão do terreno, seriam necessários de quatro a cinco anos para a unidade ser aberta ao público.Lentidão. Nos 13 meses em que o projeto de revitalização do Parque Dom Pedro II avançou apenas nas etapas burocráticas na Prefeitura, poucas mudanças foram notadas no terreno por comerciantes da vizinhança. Os tapumes de ferro e madeira que cercavam o quarteirão foram arrancados por moradores de rua interessados em vender as peças e o mato cresceu, dando à área a impressão de um terreno baldio."A paisagem melhorou. Agora não vejo mais aquele prédio horrível quando saio da minha loja. E acabou aquela maloca que existia ali, mesmo quando o prédio estava fechado", diz o comerciante Gerson Melo, de 39 anos. A vendedora Zélia de Souza, de 35 anos, acompanhou todo o processo de demolição, iniciado em junho de 2010. "Ficou melhor sem o prédio, mas acho que tinham de colocar alguma coisa no lugar. Cadê a obra que iam fazer aí?" Atalho. Sem os tapumes, a quadra do São Vito serve para quem sai do Mercado Municipal ou da Rua 25 de Março e quer cortar caminho até o estacionamento de ônibus sob o Viaduto Diário Popular. A aposentada Clara Medeiros dos Santos, de 55 anos, era uma das pessoas que se arriscavam a passar no meio do mato alto, de buracos e poças d'água para cortar caminho. "Está feio, mas é mais rápido ir por aqui."O viaduto deverá ser demolido em fevereiro do ano que vem, quando termina a construção de um pontilhão sobre o Rio Tamanduateí, que será usado pelos ônibus que saem da zona leste com destino ao Terminal Parque Dom Pedro II - o contrato para o pontilhão foi assinado anteontem, segundo a Prefeitura. O projeto de revitalização prevê também o enterramento de 1,7 quilômetro da Avenida do Estado para dar lugar a um parque.