
31 de agosto de 2010 | 00h00
Há 20 anos
Depois de ficar por três anos e cinco meses interditado para obras de reurbanização, o Túnel do Anhangabaú, a principal ligação entre as regiões norte e sul de São Paulo, era reaberto para o trânsito. No dia 31 de agosto de 1990, a Prefeitura entregou aos paulistanos o segundo túnel de ligação entre a Avenida Prestes Maia e as Avenidas 23 de Maio e 9 de Julho.
O túnel sempre foi motivo de discussões. Embora facilitasse a ligação entre duas importantes regiões da capital, ficava alagado sempre que chovia mais forte. Em março de 1999, o Anhangabaú viveu cena assustadora, quando a água subiu três metros e deixou dezenas de carros submersos e motoristas ilhados.
A ocupação do Vale do Anhangabaú por camelôs, após as obras de reurbanização, também preocupava arquitetos. "A região central da cidade é um prato cheio para marreteiros", disse ao Estado o arquiteto Benedito Lima de Toledo, consultor do concurso que escolheu o projeto. O arquiteto sugeriu a adoção de "policiamento ostensivo" para evitar que "desocupados e marginais" se instalassem ali.
Buraco. Cartão-postal da cidade de São Paulo, o Vale do Anhangabaú, nos dez primeiros anos do século 20, ainda conservava muito verde, mas já havia sobre ele o primeiro Viaduto do Chá, inaugurado em 6 de novembro de 1892 (o segundo, e atual, foi concluído em 1938).
Nessa época, os tubos pelos quais passavam as águas do Rio Anhangabaú, canalizado em 1906, ainda estavam à mostra. Os moradores tinham hortas em seus quintais e as verduras eram vendidas num mercado próximo. Segundo historiadores, essas hortas estariam localizadas em áreas remanescentes da chácara do Barão de Itapetininga.
Pouco antes de 1920, o vale passou por trabalhos de remodelação e ajardinamento, previstos em projeto aprovado em novembro de 1911, depois de grande debate entre arquitetos. Com essas obras nasceu o Parque do Anhangabaú, exemplo de equilíbrio, na época, entre arquitetura e paisagismo. Em abril de 1919, Rui Barbosa visitou São Paulo e foi sugerido que, para sua visita ser lembrada por muitos anos, ele plantasse uma árvore. Com autorização do prefeito Washington Luís, Rui plantou um carvalho no jardim.
A nova passagem viária modificou radicalmente a paisagem do Vale do Anhangabaú no início da década de 1950. O prefeito de São Paulo era Asdrúbal Aurítyses da Cunha. Como a iniciativa de concretizar a obra havia sido do governador Adhemar de Barros, a população apelidou-o de "Buraco do Adhemar".
Transição
A reforma de um dos mais polêmicos pontos da cidade começou na administração de Jânio Quadros, do PTB, e foi entregue pela sua sucessora e adversária, Luiza Erundina, do PT.
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