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Trilho deformado por infiltração causou acidente de trem em Rio Preto, diz laudo

IC afirma que problema poderia ter sido resolvido com drenagem pelo poder público e monitoramento da ALL para verificar infiltração; descarrilamento matou 8 em 2013

Por Chico Siqueira
Atualização:

ATUALIZADA ÀS 21H32

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SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - Uma deformação nos trilhos causada pelo rebaixamento do solo por infiltração da água de chuva e esgoto foi responsável pelo descarrilamento do trem da América Latina Logística (ALL) que matou oito pessoas em 24 de novembro de 2013, em São José do Rio Preto, no interior paulista. A conclusão está em laudo técnico do Instituto de Criminalística, divulgado nesta quarta-feira, 21, pela Polícia Civil.

Segundo o laudo, a infiltração do esgoto e das águas sem a necessária drenagem causou, ao longo do tempo, um fenômeno chamado subsidência, definido como o movimento de uma superfície à medida que ela se desloca para baixo. Com isso, os trilhos rebaixaram 2,5 centímetros.

Com o passar dos anos e a sobrecarga das composições, um dos trilhos se deformou, até que em novembro de 2013, as rodas não se encaixaram nele, causando o descarrilamento dos vagões.

O processo de infiltração, que durou anos; a movimentação dos trens, que passaram a circular com mais cargas; e as frenagens, que eram feitas em uma passagem de nível próxima ao local, colaboraram para provocar o rebaixamento do solo e, consequentemente, o acidente.

Segundo o perito William Luiz da Cruz Carvalho, que assina o laudo, "uma combinação de fatores resultou no colapso do solo, provocando o rebaixamento do lastro, dos dormentes e dos trilhos". "A infiltração provocou a subsidência no solo, que se transferiu para o lastro e deste para os trilhos. Isso provocou a deformação em um dos trilhos e esta deformação causou o descarrilamento dos vagões", explicou.

O laudo sugere que o problema poderia ter sido resolvido se houvesse drenagem do esgoto e da água de chuva pelo poder público e monitoramento da ALL para constatar a infiltração. Segundo a perícia, a ALL deveria ter feito o monitoramento e solicitado da prefeitura a realização das obras para solucionar o problema. Os levantamentos do Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT), que embasaram o laudo, foram pagos pela ALL e demoraram três meses para serem concluídos.

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Antes dele, a perícia já tinha realizado testes e ensaios para saber se a velocidade da composição, falha mecânica ou de manutenção poderiam ter causado o acidente. Todos os descartaram essas possibilidades, no entanto, a deformação de um dos trilhos, de cima para baixo, em forma vertical, fez com que os peritos procurassem a explicações sobre o desgaste e optassem por requisitar estudos do IPT, que constatou o problema de solo.

Além da Polícia Civil, o Ministério Público Estadual e Federal e a Polícia Federal também receberam o laudo.

Sobre o laudo. Em nota, a ALL distribuiu nota na qual afirma que não teve acesso ao teor do laudo e que a movimentação de superfície apontada pela perícia vai "no mesmo sentido do estudo técnico realizado por órgãos oficiais independentes e peritos especializados solicitado pela ALL a pedido da ANTT, e concluído em fevereiro deste ano". A nota diz ainda que a concessionária se reúne com administradores do município para adotar medidas de seguranças definitivas.

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