18 de agosto de 2013 | 02h03
Durante dois anos, travei uma intensa luta para decidir entre permanecer padre ou me casar. Sentia-me grávido de dois buchos, ambos queridos, ambos fonte de realização e de felicidade - mas incompatíveis. Qual dos dois sacrificar? Para complicar, havia o peso de minha estrutura familiar. Meus dois irmãos bispos fizeram de tudo para preservar minha condição de padre. Ao final, optei por deixar o ministério e me sinto realizado na minha família.
Como leigo, me dediquei à educação, sobretudo de jovens e adultos. Por 12 anos, atuei como Diretor Nacional do Serviço Social da Indústria (Sesi). Em 1978, casei com a Juciara e tivemos dois filhos, Emmanuel e Raissa.
Permaneço ligado à Igreja, sobretudo aos valores. Colaboro com dioceses e paróquias no que me solicitam. Não aspiro voltar ao exercício do ministério sacerdotal. A esclerose das estruturas é paralisante e deformadora. Impede a afirmação do batismo como o sacramento fundante da Igreja.
O papa Francisco representa uma primavera no mundo e na Igreja. Sua inspiração de vivificar o cotidiano das pessoas com valores evangélicos encanta a todos. Cria pontes, não ergue muros. Já que fui reduzido ao estado leigo - na triste expressão do rescrito romano que me dispensou do ministério sacerdotal - aqui permanecerei, embora respeite os colegas que desejam voltar a ser padre."
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