Transporte rápido e rios limpos: os sonhos dos paulistanos para 2040

Prefeitura perguntou a 25 mil moradores como SP deve ser; respostas devem orientar políticas públicas

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Por Felipe Frazão
Atualização:

SÃO PAULO - O maior desejo do paulistano para o futuro é ter uma cidade com transporte rápido e trânsito livre. E voltar a viver em harmonia com os rios que cortam a capital - sobretudo o Pinheiros e o Tietê. Pelo menos essas foram as duas prioridades mais votadas no questionário respondido por 25,3 mil pessoas, em consulta pública do projeto SP2040 - a cidade que queremos.

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A consulta - uma etapa do plano de desenvolvimento urbano criado pela Prefeitura em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) - começou em setembro e teve os resultados divulgados nesta quinta-feira. A pesquisa indica que os moradores de São Paulo querem um cidade fluida, principalmente quando se trata de mobilidade urbana (25%), sustentável (20%) e justa (15%).

Os principais projetos desejados, que ajudariam a atingir tais objetivos, são a "cidade de 30 minutos" (20,1%) - em que o tempo médio de qualquer deslocamento dentro da capital duraria no máximo meia hora -, o "rios vivos" (19,9%), de revitalização dos córregos urbanos, e o "comunidades" (17%), de urbanização e acesso a cultura e lazer em qualquer ponto da cidade, inclusive favelas.

"Os rios vão ser recuperados mesmo, porque não é possível tirar toda a carga poluidora. Mas serão rios com uma boa cor na água, em alguns teremos vida. As pessoas querem que os rios voltem a ser parte da paisagem", diz o secretário de Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem, para quem será primordial investir em transporte público de massa.

Futuro. Em 30 anos, o governo deveria ainda prover infraestrutura adequada (23%), recuperar a qualidade ambiental (21%) e aproximar moradia e emprego (21%) de quem vive na capital. O SP2040 prevê que um documento seja formalizado para orientar as políticas públicas municipais para que a cidade alcance os objetivos traçados agora. Mas, apesar de a aprovação do planejamento de longo prazo ser de 93%, somente 49% creem que ele se tornará realidade.

Para garantir que o plano seja seguido pelos próximos sete governos municipais, 22 entidades da sociedade civil, como o Movimento Defenda São Paulo, foram convocadas a integrar um conselho consultivo.

"Essa questão (o cumprimento dos objetivos) está muito ligada ao engajamento da sociedade. O monitoramento é o que pode dar respaldo para que um plano de 30 anos se torne realidade e direcione as transformações necessárias", diz Bucalem. "A apropriação do plano pela cidade é fundamental."

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A pesquisa. A maior parte dos participantes respondeu ao questionário pela internet: foram 12.654 formulários preenchidos. Em seguida, vieram as respostas dadas em tablets distribuídos em pontos fixos da cidade. Também foram ouvidas pessoas em grandes aglomerações, como parques, terminais do Metrô e da CPTM, além de aeroportos e Centros Educacionais Unificados (CEUs).

Por região da cidade, a que teve maior participação de moradores engajados na consulta foi a zona leste, com 29%, seguida pela zonas sul, com 25%, e oeste, com 22%. O perfil da pesquisa indica ainda que das mais de 25 mil pessoas, 43% tinham curso superior completo e 33% eram pós-graduadas. Apenas 1% tinha somente o Ensino Fundamental.

TRÊS PERGUNTAS PARA...

Miguel Bucalem, secretário de Desenvolvimento Urbano

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O senhor acredita que as restrições a veículos individuais sejam uma saída para se chegar à cidade de 30 minutos?Nesse momento, não dá para pensar nisso. Qualquer restrição está ligada a ter alternativas atreladas, para que a pessoa possa optar por transporte público.

A pesquisa teve pouca participação de pessoas com baixa escolaridade. Ela pode ter ficado elitista?Será que seria diferente? Isso ainda vamos analisar, mas acho que já tem representatividade. A pesquisa foi bem distribuída pela cidade.

Por que esse plano não vira lei?Nada impede, mas acho que para ter sucesso o plano tem de sobreviver sem lei. A força dele é a sociedade.

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