Transplante impulsiona 'rotas turísticas'

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Por Ligia Formenti e BRASÍLIA
Atualização:

Pontos históricos, com atrações culturais e boa culinária, Ceará, Pernambuco, Minas, Paraná e Rio Grande do Sul desenvolveram também "rotas turísticas" de transplantes. Pacientes viajam para novos centros transplantadores atrás da qualidade dos serviços, impulsionados por uma fila de espera menor. Até há pouco tempo, a modalidade de "turismo" estava concentrada em São Paulo.

"Vivemos um novo ciclo do transplante no País", afirma o cirurgião Valter Duro Garcia, do conselho consultivo da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). O fenômeno traz vantagens que vão além da ampliação do acesso ao tratamento. "Há uma indução da melhoria da infraestrutura de saúde, capacitação de médicos, de profissionais", diz.

A mudança ganhou força com o treinamento de equipes especializadas e das Organizações de Procuras de Órgãos (OPOs). "Não é um movimento fácil, mas os números mostram que a estratégia tem dado ótimo resultado", diz Garcia.

Dados da ABTO ilustram a avaliação positiva do cirurgião. Nordeste e Norte lideram, proporcionalmente, o crescimento no número de transplantes realizados no País entre 2002 e o ano passado.

No Nordeste, o salto em dez anos foi de 1.194 cirurgias para 4.560 - alta de 281,91%. O Norte, no mesmo período, passou de 179 transplantes para 614, crescimento de 243%. Em todas as regiões, porém, houve aumento (veja mais abaixo).

Política pública.

O secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Miranda, afirma que a intenção é descentralizar ao máximo o atendimento e aumentar o volume de transplantes fora do eixo Sul-Sudeste. Ao consultar as centrais estaduais, o paciente pode escolher uma que lhe seja mais conveniente, como, por exemplo, a que tiver menor fila.

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Miranda diz que o governo quer reforçar as ações no Tocantins, que ainda não tem programa local. O grande trunfo, avalia, é o programa Centro Tutor, previsto para este ano. Representantes de centros de excelência vão até hospitais menores para fazer a capacitação.

Miranda afirma que a ampliação das rotas de migração para cirurgias de transplante era um fenômeno esperado e tende a se reduzir, à medida em que forem aumentando os centros. "Talvez não seja necessário que todos os Estados façam todos os transplantes. Redes podem funcionar adequadamente. Mas, até lá, ainda há um pouco a se caminhar", diz Garcia.

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