07 de julho de 2013 | 02h05
"Vivemos um novo ciclo do transplante no País", afirma o cirurgião Valter Duro Garcia, do conselho consultivo da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). O fenômeno traz vantagens que vão além da ampliação do acesso ao tratamento. "Há uma indução da melhoria da infraestrutura de saúde, capacitação de médicos, de profissionais", diz.
A mudança ganhou força com o treinamento de equipes especializadas e das Organizações de Procuras de Órgãos (OPOs). "Não é um movimento fácil, mas os números mostram que a estratégia tem dado ótimo resultado", diz Garcia.
Dados da ABTO ilustram a avaliação positiva do cirurgião. Nordeste e Norte lideram, proporcionalmente, o crescimento no número de transplantes realizados no País entre 2002 e o ano passado.
No Nordeste, o salto em dez anos foi de 1.194 cirurgias para 4.560 - alta de 281,91%. O Norte, no mesmo período, passou de 179 transplantes para 614, crescimento de 243%. Em todas as regiões, porém, houve aumento (veja mais abaixo).
Política pública. O secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Miranda, afirma que a intenção é descentralizar ao máximo o atendimento e aumentar o volume de transplantes fora do eixo Sul-Sudeste. Ao consultar as centrais estaduais, o paciente pode escolher uma que lhe seja mais conveniente, como, por exemplo, a que tiver menor fila.
Miranda diz que o governo quer reforçar as ações no Tocantins, que ainda não tem programa local. O grande trunfo, avalia, é o programa Centro Tutor, previsto para este ano. Representantes de centros de excelência vão até hospitais menores para fazer a capacitação.
Miranda afirma que a ampliação das rotas de migração para cirurgias de transplante era um fenômeno esperado e tende a se reduzir, à medida em que forem aumentando os centros. "Talvez não seja necessário que todos os Estados façam todos os transplantes. Redes podem funcionar adequadamente. Mas, até lá, ainda há um pouco a se caminhar", diz Garcia.
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