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Traficantes e usuários de drogas deixam região da Cracolândia e ocupam outras áreas de São Paulo

Maior concentração agora é na Praça Princesa Isabel, no Centro; outro ponto é o túnel de interligação entre as avenidas Paulista e Rebouças

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Por Gonçalo Junior
Atualização:

Traficantes e usuários de drogas deixaram a região conhecida como Cracolândia, na Luz, ao longo deste final de semana e se espalharam por outros pontos do centro da cidade. O local de maior concentração agora é Praça Princesa Isabel, distante menos de um quilômetro.

Moradores e trabalhadores da região relatam que a concentração – o chamado fluxo - no quadrilátero da rua Helvetia, alamedas Dino Bueno e Cleveland e a praça Júlio Prestes já vinha diminuindo nos últimos dias. De acordo com monitoramento da prefeitura, a região recebia um fluxo médio de 527 pessoas por dia. Em fevereiro, o número caiu para 397. 

Usuários de drogasna Praça Princesa Isabel, na região central de São Paulo Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

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O esvaziamento rápido, no entanto, surpreendeu até os moradores. Nesta segunda-feira, 21, as ruas amanheceram praticamente vazias. Moradores ocuparam a praça, conhecida como Praça do Cachimbo, no final da tarde.

“Tivemos um dia que podemos comemorar. Tivemos a saída dos traficantes da praça neste final de semana e no dia de hoje”, afirmou Alexis Vargas, secretário executivo de Projetos Estratégicos da Prefeitura de São Paulo. “Não dá para dizer que acabou a Cracolândia. Tivemos um final de semana e uma segunda-feira sem a presença de usuários, mas é a vitória de uma batalha. Tem muita guerra pela frente ainda”, afirmou.

Vargas nega que a Cracolândia esteja se transferindo para a Praça Princesa Isabel. Outro local que vem registrando aumento de usuários e traficantes é o túnel de interligação entre as avenidas Paulista e Rebouças. “Um contingente foi para a Praça Princesa Isabel, mas o local não chega a ter 100 pessoas. Alguns traficantes estão tentando se instalar ali, mas estamos monitorando esse e outros pontos, como o túnel que liga a Avenida Paulista com a Rebouças. Não adianta fazer uma lista. Isso é dinâmico. A gente não vai deixar eles se acomodarem em nenhum outro ponto”, promete o secretário.

Rua Helvetia esquina com alameda Dino Bueno; região conhecida com Cracolândia está praticamente vazia Foto: ALEX SILVA / Estadão

Nos últimos meses, a Prefeitura e o Governo Estadual vinham intensificando as ações de segurança na região. Desde janeiro de 2019 até o dia 28 de fevereiro, às forças de segurança estaduais informam a apreensão de mais 3,8 toneladas de drogas e 48,3 litros de drogas líquidas na região. No mesmo período, foram apreendidas 18 armas de fogo, 111 facas, 522 munições de diversos calibres, 446 balanças de precisão e mais de R$ 900 mil em notas e moedas.

Entidades de assistência social alertam que o espalhamento dos usuários de substâncias psicoativas pode dificultar o oferecimento de cuidados básicos de saúde e ações de redução de danos do uso de drogas, como oferecimento de anticoncepcionais para as mulheres.

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O padre Julio Lancelotti vê com estranheza o esvaziamento. “É um vazio repentino e não se deve a nenhuma intervenção social do Estado ou da Prefeitura. O fluxo foi pulverizado, desde a Praça Princesa Isabel até outros locais do centro. Precisamos esclarecer o que está por trás desse repentino e inexplicável vazio”, afirmou o líder da Pastoral do Povo de Rua em São Paulo.

A saída do tráfico ocorre a poucos dias da inauguração do hospital estadual Pérola Byington, na alameda Glete. O governador João Doria (PSDB) esteve no local no último sábado, 19, para anunciar a abertura do processo de escolha para a gestão do hospital.

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