A antropóloga Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer substituiu, no dia 15 de março, o coronel aposentado da PM Luiz de Castro Júnior no cargo de superintendente de Prevenção e Proteção Universitária da Universidade de São Paulo (USP). Ana Lúcia não descarta o policiamento no câmpus, mas diz que nada acontecerá "de cima para baixo" na nova gestão.
Sai um policial aposentado e entra uma professora de Antropologia. O que vai mudar na segurança da USP?
Fui pega de surpresa. O convite me incomodou, porque, para um docente, essa é uma função bastante desafiadora, mas como antropóloga, é uma oportunidade. No primeiro momento, estou ouvindo pessoas que trabalham na Superintendência. Estou tentando tomar pé da situação para não ter um modelo imposto de cima para baixo, e sim articular com os envolvidos um modelo consensual. Sei que não vai ser possível agradar a todos, mas espero ter papel de facilitação do diálogo. A verdade é que não estou tomando um bonde andando, estou tomando um bonde sem motorista descendo a ladeira. Há muito por fazer.
Quais são os principais problemas hoje?
Há problemas muito caseiros, como a substituição dos uniformes. Mas também há questões estruturais, como pensar a estrutura de poder na Superintendência e o diálogo com a Polícia Militar.
A criminalidade tem crescido no entorno da USP. Há algum plano para contê-la no câmpus?
A Cidade Universitária não é uma ilha. A presença da PM é algo que tem de ser pensando no contexto mais amplo da cidade. Hoje a polícia entra no câmpus somente quando é chamada, não há mais policiamento contínuo. Então, de certa forma, é um espaço urbano pouco policiado. Essa é uma questão delicada, que merece muito debate, com vários setores da comunidade. Sei que essa é uma questão da qual não vou poder me furtar, mas a princípio acho que a polícia faz parte da vida urbana.
Então o policiamento pode voltar ao câmpus?
É algo que tem de ser fruto de uma reflexão conjunta, com informações sobre como isso acontece nos outros lugares, porque é um problema de todas as universidades.