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Termina restauro do 'Guerra e Paz'

Mais de 5 mil pessoas viram os painéis de Portinari no Rio; agora, eles serão expostos em São Paulo com esboços inéditos da obra

Por Tiago Rogero
Atualização:

O público de São Paulo será o primeiro a conferir os painéis Guerra e Paz, de Candido Portinari, depois da restauração. Ontem os cariocas tiveram a última oportunidade de ver as obras no Palácio Capanema, no centro, onde estavam sendo restauradas desde 1.º de fevereiro. Mais de 5 mil pessoas visitaram os painéis. São Paulo será o ponto de partida para as exposições itinerantes. Até retornarem à sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, em 2013, os painéis devem seguir para China, Índia, Rússia e Noruega. A ida para a capital paulista foi sacramentada com a assinatura de um contrato de patrocínio entre o Projeto Portinari e a holding Brazilian Finance & Real Estate (BFRE), que vai investir R$ 2,5 milhões. A exposição será gratuita, em agosto e setembro, possivelmente na Oca do Ibirapuera. Confeccionados a pedido do governo brasileiro como um presente à sede da ONU, os painéis ficaram expostos por 56 anos no hall de entrada da Assembleia Geral, restrito à maioria dos visitantes. Em dezembro, voltaram ao Brasil para uma exposição no Theatro Municipal do Rio. Emoção. Segundo o filho do artista e diretor do Projeto Portinari, João Candido Portinari, ver a obra voltando a ter as cores originais é "quase mágico". João Candido também se disse emocionado por saber que o local onde as obras foram restauradas é o mesmo onde o pai foi velado, em 1962. "É como se fosse um renascimento da mensagem e da obra dele", disse. O coordenador dos trabalhos de restauração, Edson Motta Júnior, afirmou que entre 80% e 90% das cores originais foram recuperadas. De acordo com o restaurador, na ONU os painéis ficaram expostos à luz por meio de uma janela de vidro e o sol se punha "em cima". Houve também acúmulo de sujeira e fuligem ao longo dos anos. "Só não conseguimos recuperar o que se perdeu pela luz e desbotou." Inédito. Em São Paulo, os painéis serão expostos pela primeira vez com os estudos preparatórios de Portinari para as obras. São cerca de 180, entre esboços e reproduções de telas, que estavam em coleções particulares ou bancos. "Nem meu pai teve a oportunidade de vê-los juntos", disse João Candido. Segundo ele, a decisão de levar a exposição para os demais países partiu do Ministério das Relações Exteriores. Ele se disse satisfeito com a escolha. De acordo com o diretor, em cidades como Nova York, Paris, Londres ou Berlim, "a própria crítica está orientada para uma arte que não tem um compromisso humano e social, característicos da obra de Portinari". "Também estamos em um processo avançado de negociação para levar os painéis para a Noruega, no fim de 2012, para que a cerimônia de entrega do Prêmio Nobel da Paz seja feita com eles de fundo", disse. Antes de retornarem à sede da ONU, é possível que os painéis Guerra e Paz ainda sejam novamente expostos no Rio.

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