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Terceiro ato contra tarifa tem confronto na Estação Belém do Metrô

Após funcionários fecharem estação, black blocs depredaram bilheteria; PM usou bomba em dispersão e 9 foram detidos

Por , Diego Zanchetta e Edgar Maciel
Atualização:

SÃO PAULO - O terceiro protesto do Movimento Passe Livre (MPL) contra o aumento da tarifa de ônibus, trem e metrô terminou em confronto entre manifestantes e policiais militares na Estação Belém do Metrô, na zona leste de São Paulo, na noite desta terça-feira, 20. Black blocs tentaram invadir a parada. A Tropa de Choque revidou com bomba de gás no estorno da estação e nove manifestantes foram detidos.

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A confusão começou logo após o fim da passeata, iniciada às 18h40 no Tatuapé. Funcionários do Metrô bloquearam as catracas da estação por volta das 21h30. Os detidos picharam paredes e depredaram a bilhetaria. Com mochilas carregadas com pedras, segundo a PM, eles foram encaminhados para o 8.º Distrito Policial (Brás-Belém).

Houve pânico entre passageiros do metrô. “Fique presa por meia hora fora da estação, enquanto tentava entrar no metrô. Vi dois jovens correndo para a bilheteria e tentei me esconder perto da grade”, contou Márcia Campos, de 42 anos, moradora de Itaquera, que trabalha como atendente no Belém.

O protesto, porém, começou de forma pacífica, na Praça Silvio Romero. Segundo o MPL, 8 mil pessoas participaram da caminhada contra o reajuste da tarifa de R$ 3 para R$ 3,50, em vigor desde o dia 6 deste mês. A PM estimou em 5 mil o número de manifestantes.

A primeira tensão foi registrada durante a definição do trajeto. “Não vamos deixar fechar (a Radial Leste). Se tentar, vamos dispersar a manifestação”, disse o capitão da PM Ubirajara Storai. Após negociação, o caminho foi liberado. O grupo seguiu pelas Ruas Serra do Bragança, Itapura e Serra do Japi e fechou a pista sentido centro da Radial Leste.

Pela primeira vez neste ano, a manifestação não foi realizada no centro da capital. “É um protesto menor, mas de mais contato com a população. A gente quer que a periferia se mobilize, compareça nos próximos atos”, disse Marcelo Homtinsk, um dos integrantes do MPL.

Apoio e crítica. A passeata percorreu as ruas dos bairros de classe média, recebeu apoio e também enfrentou críticas. Comerciantes que fecharam as portas mais cedo reclamaram do protesto. “Acho que tem coisas mais importantes para reivindicar, como a falta de vagas nas creches. Isso aqui já virou uma bagunça”, disse Douglas Moreira, de 52 anos, dono de uma paleteria.

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Atendente de um pet shop, Lílian Batista de Oliveira, de 31 anos, disse que o MPL precisa renovar a pauta. “Eu iria para a rua se não fosse só pela tarifa. Esse não é meu maior problema. Hoje eu estou sem água em casa e ninguém se manifesta por isso”, afirmou.

Nivio Leandro Previato, de 68 anos, morador da Bela Vista, região central, foi à região só para participar da passeata. “Sem vir para a rua, a gente não consegue nada. Sou aposentado, não pago mais a passagem, mas saio da minha casa para que meus netos e filhos tenham transporte de qualidade.”

O MPL marcou novo ato, nesta sexta-feira, na frente do Teatro Municipal, no centro.

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