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'Tenho cinco filhos. Não sei o que vou fazer'

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Por Redação
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"Soltaram bombas em crianças, empurraram mulheres grávidas e idosos", afirmou Maria Aparecida da Silva, de 40 anos, que tem deficiência na perna e foi atingida por tiros de bala de borracha na panturrilha e no braço. A ação da polícia no Jardim Iguatemi, na zona leste, começou por volta das 9 horas, mas muitos afirmam que às 4 horas foram acordados pelos vizinhos, que já anunciavam a desocupação do terreno. Andreia de Fátima Rodrigues, de 37 anos e grávida de 4 meses, acordou as duas filhas caçulas e esperou a chegada dos Oficiais de Justiça. No momento da desocupação, conseguiu retirar apenas uma sacola com documentos e o cachorro de estimação. Ficou durante toda a manhã sentada na esquina da Avenida Bento Guelfi, embaixo de garoa. "Meu marido está desempregado e tenho cinco filhos. Não sei o que vou fazer", disse, chorando. Quando a ocupação foi suspensa, passou a chorar de alegria em frente à sua casa. "Não acredito que conseguimos." Inácia Jerônimo da Conceição, de 58, perguntava pelo marido, Genival Zeferino da Silva, também de 58, que foi ferido na perna na hora do confronto, e socorrido por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). "Eu estou desesperada. Não sei onde meu marido está nem quem o levou. Silva, segundo o Estado apurou, foi um dos três feridos que foram levados ao Hospital Geral de São Mateus. Ele foi operado às 11h09 e teve alta no fim da tarde. Já Adailde Ribeiro da Silva, de 38, estava com um ferimento no lado direito da testa. "Os policiais jogaram uma bomba e algo bateu no meu rosto", afirmou. Móveis. Os moradores que chegaram a colocar os móveis nos caminhões durante a desocupação reclamavam que muitos objetos voltaram quebrados no fim da ação. Marcelo Gazzoli Mendonça, de 33 anos, perdeu um armário, uma mesa e cadeiras. "Saí perdendo, mas pelo menos ainda tenho um teto." / B.F.S. e W.C.

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