‘Temos de ir devagar; na chuva não dá para ver buracos’

Motoristas relatam problemas; serviço de tapa-buraco passa por mudança

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Por Marco Antônio Carvalho
Atualização:
Presidente Wilson. Mais calçamento do que asfalto Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

“A cada dia parece piorar, a gente escapa de um buraco e cai em outro. Assim, a suspensão não aguenta, além da preocupação com o deslocamento e eventual dano à carga, que a gente tem de acabar pagando”, contou o caminhoneiro Pedro Bueno, de 32 anos. O motorista usa com frequência a Avenida Presidente Wilson, na Mooca, que, com os seus mais de 7 quilômetros, liga a zona leste a São Caetano e tem um tráfego intenso de caminhões.

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As características dos veículos pesados parece afetar diretamente a qualidade da pavimentação da via. Ao longo de toda a sua extensão, é possível notar buracos de diferentes tamanhos e, em alguns trechos, há mais calçamento do que asfalto, forçando o motorista a andar em zigue-zague. 

A tarefa é trabalhosa especialmente para o motorista de ônibus Nivaldo Alves, cujo trajeto diário inclui a parada próximo da Estação Tamanduateí, do metrô e da CPTM, na avenida. “Isso aqui é terrível. Temos de andar mais devagar e quando chove acabamos não vendo os buracos, o que dificulta ainda mais o nosso trabalho”, disse, em março. A situação da Presidente Wilson encontra similaridades com outros pontos ainda na zona leste, como a Avenida do Estado, além de áreas no centro. “Temos até uma boa sinalização, mas a estrada é realmente ruim. Sem condições”, reclamou o motorista Marco Manoel Mendes, de 42 anos.

Operação em Santo Amaro. O Estado acompanhou umas das operações tapa-buraco em Santo Amaro, na Rua Engenheiro Tomás Whately. Lá, um grupo da Prefeitura Regional atuava em quase dez crateras que se acumulavam nas imediações. O comerciante Antonio Carlos Gomes, de 70 anos, cujo estabelecimento funciona perto do endereço, disse esperar que o trabalho perdure por mais tempo. “Às vezes só jogam aquela capinha de asfalto e já tem de voltar no ano seguinte”, disse.

Lá, a operação consistia na demarcação retangular do buraco, retirada da camada de asfalto e reposição com o novo material, em uma ação que poderia estender-se por quase uma hora para cada reparo. O procedimento, segundo informou a Prefeitura Regional de Santo Amaro, pode representar o dobro do custo em relação ao que era feito até o ano passado - R$ 500 frente aos R$ 270 por metro quadrado aplicados pela gestão anterior -, mas deve ser mais duradouro.

“É um tapa-buraco com excelência”, destacou o engenheiro Carlos Cabral, da coordenadoria de obras da regional. Ele destacou que a maioria dos buracos existentes na cidade envolve a ação de concessionárias de serviços, como a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

A Secretaria das Prefeituras Regionais informou que criou um grupo de trabalho para identificar o melhor modelo de contratação dos serviços de tapa-buraco, considerando “a metodologia de execução e a qualidade do asfalto”. Sobre a situação da Avenida Presidente Wilson, a gestão disse que uma vistoria está na programação para “minimizar os problemas”.

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Já a Sabesp destacou que sua rede de água e esgoto soma 37 mil quilômetros na cidade. “Somente em 2016 foram 20.546 reposições em via asfaltada com intervenções de porte superior a 2 m². As obras são realizadas por empresas terceirizadas e a Sabesp fiscaliza a execução dos serviços com equipe própria e também realiza controle tecnológico”, informou a companhia por nota.