Tatuapé: a comunidade que acumula superações

‘É uma escola da comunidade, sempre unida. Deveria se chamar inclusive Família Tatuapé, e não escola’, diz integrante

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Por Juliana Diógenes
Atualização:

SÃO PAULO - A comunidade que superou uma história sofrida. Foi assim que muitos definiram a vitória da Acadêmicos de Tatuapé nesta terça-feira, 28, em meio à comemoração dos integrantesda escola. A força do grupo fez com que, dessa vez, o gosto do quase fosse trocado por um troféu de verdade, venerado ao chegar à quadra.

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Para o comerciante Rodrigo Andreotti, de 31 anos, amigo dos organizadores da escola, esta foi a melhor coisa que poderia acontecer à comunidade de Tatuapé. “O pessoal de fora não acreditava que iríamos ganhar. A Tatuapé não tem história de campeã. Não tem quadra chique. É uma escola da comunidade, sempre unida. Deveria se chamar inclusive Família Tatuapé, e não Escola”, diz.

A arte educadora Marlene Rose, de 51 anos, desfilou este ano pela quinta vez e conta que se sente vencedora duplamente: “Por ser mulher e negra, ganhar com o tema Mãe África foi um presente. Além disso, essa escola tem uma história sofrida. Nunca acreditaram nela”, afirma. Marlene destaca também as origens do grupo, criado por negros há 64 anos.

Estreante, a aposentada Nilza Santos, de 55 anos, sambou no grupo das baianas. Ela, que é natural da Bahia, desfilou mesmo depois de ter removido um dedo do pé. “Eu estava com depressão no ano passado, muito triste, e a Tatuapé foi a minha redenção. Eu vim para trazer a vitória para a escola”, diz.

A professora Andrea Fernandes, de 45 anos, desfilou no grupo Reino de Marrocos em família. Pela segunda vez consecutiva, sambaram com ela, na mesma ala, o marido Márcio de Freitas, de 46 anos, e a filha Andressa Fernandes, 19. "Esta é uma escola voltada para a comunidade. As fantasias são doadas e depois recicladas. A Tatuapé veio numa crescente nos últimos anos. Em 2016, batemosna trave. Desta vez, fomos coroadoa com a vitória", afirma Andrea, que estava com marido e filha na quadra nesta terça-feira, 28.

Quem também carregou a família foi a anudante de cozinha Jauce Ferreira, de 45 anos. Os quatro netos e ela sambaram por horas na quadra da Tatuapé. "Nosaa comunidade é muito unida. Aqui é luta, choro, samba e suor", diz.

O sentimento de união é destacado por membros da organização da escola como a coordenadora da Comissão de Frente, Ketty Atuy, de 37 anos. "A comunidade abraça a escola, a ideia da diretoria e se junta para fazer a festa. O carnaval da Tatuapé é feito pela comunidade", disse Ketty, membro da Tatuapé há 14 anos. "Ainda não acredito que ganhamos. Valeu a pena cada hora sem dormir, valeu a pena não ter férias."

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