
29 de dezembro de 2010 | 00h00
A passagem de ônibus municipal em São Paulo vai subir de R$ 2,70 para R$ 3 no dia 5 de janeiro, um aumento de 11,11%, quase o dobro da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que deve fechar o ano em 5,9%. A integração com o metrô e os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) vai de R$ 4,07 para R$ 4,29 e deve subir de novo em fevereiro, quando os bilhetes dos dois terão reajuste.
Ao anunciar ontem a nova tarifa, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) afirmou que, com o reajuste, pretende reduzir em 2011 o subsídio pago pela Prefeitura às empresas de ônibus. "Neste ano, o subsídio ficou na casa dos R$ 660 milhões. Ao longo do ano que vem, queremos ter um subsídio de R$ 600 milhões ou um pouco menos", disse. Os recursos economizados, afirma o prefeito, poderão ser utilizados em "outras prioridades", como saúde, educação e drenagem.
No Orçamento para 2011, no entanto, o valor previsto para a compensação tarifária supera em 12% o que foi gasto neste ano. No total, R$ 743 milhões estão reservados para o ano que vem.
O aumento nos subsídios foi feito pelo relator do Orçamento na Câmara Municipal, Milton Leite (DEM). A previsão para 2011 foi aprovada neste mês pela Casa. Segundo ele, a mudança foi pedida pelo secretário adjunto de Transportes, Pedro Luiz de Brito Machado, que teria feito o cálculo do valor necessário para cobrir o déficit no sistema já considerando o preço de R$ 3 para as passagens.
Em nota, a São Paulo Transporte, empresa que gerencia os ônibus municipais, não comentou o pedido do secretário adjunto. A empresa diz que "só" R$ 600 milhões serão gastos e o resto será repassado a áreas que necessitam de investimentos.
Histórico. Este será o terceiro reajuste no valor da passagem de ônibus realizado por Kassab. No acumulado, a tarifa aumentou 50%: passou de R$ 2 para R$ 2,30 em novembro de 2006 e para R$ 2,70 no início deste ano.
Desde 1997, na gestão de Celso Pitta (PTN), a redução dos subsídios é utilizada como argumento para o reajuste da passagem. À época, as empresas receberam R$ 288 milhões do governo municipal. "A maior crítica a esta medida é o motivo que faz com que o aumento do ônibus seja maior do que a inflação e o reajuste do salário mínimo, que vai ser de 5,88% a partir do ano que vem", diz o professor de matemática financeira e vice-presidente do Conselho Regional de Economia, José Dutra Vieira Sobrinho.
Para o advogado especialista em Direito Público Antônio Sérgio Baptista, sem aumento da passagem, o valor do subsídio seria muito maior. "O reajuste é para manter o equilíbrio. Em uma cidade como São Paulo, com crescimento acima do normal, que exige aumento e troca de frota em determinados períodos definidos por contrato, este problema é comum." Segundo ele, a Prefeitura optou por custear parte do valor da passagem. "O cobertor é sempre curto e não há medidas para resolver a questão do trânsito", afirma.
Recarga. Passageiros que recarregarem o bilhete único até as 23h59 da próxima quarta-feira pagarão o valor antigo da passagem, mesmo depois do reajuste, até que os créditos acabem. Assim, toda vez que passarem na catraca, será descontado o valor de R$ 2,70. O máximo permitido para recarga do bilhete é R$ 100. Com o reajuste, o bilhete escolar passará de R$ 1,35 para R$ 1,50, segundo a Secretaria de Transportes.
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Metrô e trens
As passagens devem aumentar em fevereiro, mas o valor ainda não foi definido. O índice de inflação usado para o reajuste está em 6%, o que daria uma tarifa de R$ 2,80. Hoje o bilhete unitário de ambos sai por R$ 2,65.
Inspeção veicular
A taxa deve aumentar no começo do ano. Hoje o valor é de R$ 56,44. A Prefeitura espera apenas um estudo da Controlar, concessionária do serviço, para definir o índice de reajuste
IPTU
Para cerca de 1,7 milhão de proprietários de imóveis em São Paulo, o reajuste do Imposto Predial e Territorial Urbano será (IPTU) será de 5,5%. Outros 112 mil proprietários vão receber reajustes que vão variar de 30% (imóveis residenciais) a 45% (comerciais).
Seguro obrigatório
O valor do DPVAT dos carros vai subir de R$ 89,61 para R$ 96,63, o que corresponde a um aumento de 7,83%.
REAÇÕES
Tatiana Almeida
Dentista
"Não é decente e ainda vai ficar mais caro? Se fosse bom, com certeza deixaria o carro em casa"
André Biagiomi
Servidor público
"Não fica claro o que é feito com esse dinheiro pago a mais"
Emanoela Silva
Operadora de telemarketing
"Se o aumento for para melhorar, tudo bem. Mas não vejo melhora faz tempo"
Edinaldo Rocha
Operador
"É esquisito ser mais caro que o metrô"
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