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Suzane Richthofen é aprovada no Fies para cursar faculdade católica

Presa em Tremembé desde 2006, ela está na lista dos pré-selecionados para curso presencial de Administração à noite

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Por José Maria Tomazela
Atualização:
Suzane von Richthofen foi condenada a 39 anos de prisão Foto: Reuters

SOROCABA - A presa Suzane von Richthofen, condenada a 39 anos de prisão pelo assassinato dos pais em 2002, pode sair da prisão para estudar em uma faculdade católica, com financiamento do governo federal. Ela está na lista dos candidatos aprovados pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), divulgada nesta segunda-feira, 13, e pode obter recursos do programa para custear os estudos.

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Suzane se cadastrou para o curso noturno de Administração na Faculdade Dehoniana, que é privada e presencial, ou seja, ela precisa comparecer às aulas. A Dehoniana se define em seu site como "uma instituição tradicional e católica".

A assessoria de imprensa da faculdade informou que houve a pré-classificação, mas o ingresso da postulante na universidade depende da candidata confirmar ao Sistema Fies o interesse na vaga. O prazo vai até esta terça-feira, 14. Só depois disso, segundo a assessoria, a escola vai providenciar as condições para que a detenta seja atendida da melhor forma possível. A faculdade já recebeu reeducandos do sistema prisional sem qualquer alteração em sua rotina. O curso escolhido por Suzane custa R$ 596 por mês.

A detenta conseguiu o financiamento federal, disputado por milhares de estudantes em todo o País, graças ao desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), prestado em dezembro, na Penitenciária Feminina de Tremembé. Suzane teria obtido nota 675,08 e ficado com uma das duas vagas disponíveis para o curso. A detenta cumpre pena desde 2006 e, em 2015, ganhou direito ao regime semiaberto. Nesse regime, a Justiça pode autorizar o detento a estudar ou trabalhar fora da prisão.

Quando foi autorizada pela Justiça a fazer o curso superior de Administração, em abril de 2016, Suzane manifestou receio do assédio e pediu para fazer o curso a distância. Na ocasião, o pedido foi indeferido por falta de recursos tecnológicos e equipamentos para essa modalidade de ensino. Em outubro do ano passado, a Defensoria Pública de Taubaté, que acompanha a presa, voltou a pedir que ela possa frequentar aulas externas. 

Com o consentimento da Justiça, ela prestou o Enem e o resultado a classificou para o Fies. A saída de Suzane da prisão para ir às aulas precisa ser autorizada pela Vara de Execuções Penais. Ainda não se sabe se ela será obrigada a usar tornozeleiras eletrônicas. Na faculdade, as aulas já tiveram início no último dia 6. Consultada sobre as medidas de segurança para a detenta durante as aulas, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) não tinha dado retorno até 19 horas.

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