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Suspeito confessa ter recebido R$ 50 para atear fogo em ônibus

Ao todo, três homens, que seriam usuários de crack, foram detidos por incendiar cinco coletivos na zona sul de SP, mas foram liberados

Por Felipe Resk
Atualização:
Os ataques aconteceram na última quarta-feira, 7. Foto: José Patrício/Estadão

SÃO PAULO - Um dos suspeitos de ter participado do ataque a cinco ônibus na Avenida Belmira Marin, na zona sul da capital paulista, confessou ter recebido R$ 50 para tocar fogo em um coletivo, segundo informa a Polícia Civil. Ao todo, três homens foram detidos e indiciados por crime de incêndio, atentado ao transporte público e organização criminosa. Eles, no entanto, já foram liberados pela Justiça, que negou o pedido de prisão provisória.

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Segundo o delegado André Antiqueira, titular do 101º Distrito Policial (Jardim das Imbuias), os três detidos são usuários de crack e costumam ficar na Avenida Dona Belmira Marin. "O que a gente consegue afirmar até agora é que eles foram contratados para realizar a empreitada criminosa", afirmou Antiqueira.

Ainda de acordo com ele, a segunda etapa da investigação será encontrar "seis ou sete" suspeitos que também participaram do crime, além de apontar os responsáveis por pagar pelos ataques que destruíram completamente quatro ônibus e danificaram o quinto. "Temos o 'vulgo' dessas pessoas que contrataram", disse o delegado, que preferiu não detalhar informações.

Segundo conta, os policiais chegaram até os suspeitos após receberam uma informação de que a ordem para os ataques havia partido do Jardim Lucélia, bairro da região do Grajaú, próximo ao local onde os ônibus foram incendiados. Ao investigar a área, o trio foi apontado como autor do crime.

"Assim que foram abordados, um deles acabou confessando que foi cooptado e contratado por R$ 50 para atear fogo em um ônibus", disse Antiqueira. Segundo o delegado, os outros dois suspeitos negaram participação no crime. "Um alega que foi procurado, mas não topou fazer o serviço. O terceiro disse que estava passando pelo local para pegar restos do ônibus, como cobre", afirmou. Ambos, contudo, foram delatados na confissão do primeiro, de acordo com o delegado.

Os ataques aconteceram na última quarta-feira, 7. Por volta das 20h15, segundo a Polícia Militar, os criminosos pararam um coletivo, na altura do número 4.200 da Belmira Marin, e mandaram os passageiros descerem. Com garrafas pet cheias de gasolina, atearam fogo no veículo. Depois, mais dois ônibus foram atacados a cerca de 700 metros de distância do primeiro local. Outros dois coletivos também foram incendiados em pontos distintos da avenida.

De acordo com a São Paulo Transporte (SPTrans), os cinco ônibus pertenciam à Viação Cidade Dutra, que atende a zona sul da cidade. Com receio de novos ataques, a empresa chegou a recolher seus veículos da rua durante à noite da quarta-feira e só retomou a circulação na manhã seguinte.

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Antiqueira não descarta a hipótese de os incêndios terem ocorrido em protesto ao aumento da tarifa de ônibus, embora veja poucos indícios. A possibilidade mais forte é que o crime tenha sido encomendado por facções criminosas em represália após ações ostensivas da PM na região, apreensão de entorpecentes e uma tentativa frustrada de ataque a uma agência bancária.

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