Uma das fundadoras da associação Cidade a Pé, a urbanista Meli Malatesta se transformou em uma das vítimas das calçadas irregulares de São Paulo. Ela andava à noite para casa, nos Jardins, em outubro do ano passado, quando tropeçou no piso desnivelado em frente a um condomínio de luxo e caiu. O tombo fez com que torcesse o tornozelo e fraturasse um osso. "Fiquei um mês usando bengala. Foram 40 sessões de fisioterapia, e continuo com sequelas, com problemas de articulação", disse.
Acidentes em calçadas também trazem prejuízos aos cofres públicos. De acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, 18% das vítimas de quedas atendidas no local caíram na rua. Destes, 40% por causa de buracos mesmo com 45% dos entrevistados usando tênis. O custo de um paciente internado por esse motivo pode chegar a R$ 40 mil ao Sistema Único de Saúde (SUS), estima.
Para Meli, a queda deu mais motivos para defender a melhoria da mobilidade por meio da Cidade a Pé, criada em abril do ano passado. Antes, ela já tinha trabalhado por mais de 30 anos com segurança do pedestre na Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
"É preciso ver a caminhada como transporte primordial. O transporte coletivo é alimentado por pessoas a pé, só que elas não são entendidas como uma rede, que se integra e alimenta o sistema de transporte público. Terminais de ônibus e estações de metrôs são feitos com travessias esquisitas."