20 de janeiro de 2013 | 02h05
"O dinheiro público está a serviço de um interesse privado, para um espetáculo que é merchandising de uma marca", critica Luiz Antonio Dimas. Segundo ele, o duplo financiamento gera uma "avalanche de dinheiro para criar um espetáculo tipo Broadway" que descaracterizaria o carnaval carioca.
Ele destaca que o encarecimento dos desfiles é legitimado a partir dos resultados dos jurados, que valorizam o espetáculo "pirotécnico, com performances e efeitos".
Rachel Valença também faz coro às críticas, ressaltando a falta de transparência e fiscalização dos gastos. "O carnaval é uma questão turística e cultural do Rio e, portanto, pública. Toda a estrutura é feita com dinheiro público e no espaço público, mas os governos têm se eximido da responsabilidade de fiscalizar", argumenta.
Na Sapucaí, as exceções entre os enredos patrocinados são a União da Ilha, com tema sobre Vinicius de Moraes, e a Portela, que homenageia o bairro de Madureira. Entre os patrocinados, um dos sambas mais bem avaliados é apoiado por uma empresa de produtos agrícolas. Com composição de Martinho da Vila e Arlindo Cruz, entre outros sambistas, a Vila Isabel vai apresentar na avenida um enredo sobre a vida no campo.
Tradição. "Há um risco de as empresas exigirem uma propaganda explícita e aí fica quase impossível e prejudica o valor do carnaval", opina o compositor Martinho da Vila. "Ainda acredito que a criatividade vence o dinheiro e uma escola com boa estrutura consegue levar um samba-enredo competitivo e de tradição." / A.P.
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