Subprefeituras da periferia terão orçamento menor

Repasse de verbas foi reduzido em quase toda a capital paulista, mas centro expandido tem diminuição menos acentuada

PUBLICIDADE

Foto do author Adriana Ferraz
Por Adriana Ferraz
Atualização:

No último ano de sua gestão, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) quer concentrar os recursos destinados a obras de zeladoria no centro expandido de São Paulo, que funciona como uma espécie de vitrine da cidade, por onde grande parte da população passa todos os dias. A peça orçamentária proposta para 2012 também prevê que áreas nobres tenham, em relação a este ano, mais verba porcentual para executar serviços de limpeza, poda de árvore e outras ações que as regiões periféricas.A comparação com o Orçamento atual ainda mostra que praticamente todas as subprefeituras vão ter de economizar no ano que vem - caso a projeto enviado à Câmara Municipal seja aprovado pelos vereadores sem muitas modificações. Apenas oito das 31 subprefeituras receberam incremento de verbas, apesar de a previsão de arrecadação da Prefeitura ter crescido 7%, chegando a R$ 38 bilhões.Ao todo, o valor total repassado às subprefeituras vai cair 13,8%, de R$ 1,16 bilhão em 2011 para R$ 1 bilhão no ano que vem.Aperto. A Subprefeitura de Itaquera, por exemplo, perdeu 30,9% do total de recursos. Mas enquanto o bairro da zona leste, apontado como o endereço paulistano da Copa - em função da construção do estádio do Corinthians no local - sofreu corte de verbas, a região de Pinheiros, que inclui os Jardins e a Vila Madalena, registrou aumento de 12,7%. Para Vila Mariana e Moema, o incremento foi de 6%. Outras subprefeituras que terão aumento de verba são a de Ipiranga, na zona sul, de Santana, na zona norte, de Aricanduva e de São Mateus, na zona leste. Esta última, no entanto, terá verba só 1,6% maior.No geral, a maior perda porcentual foi contabilizada por M'Boi Mirim, na zona sul. A subprefeitura, que inclui os distritos Jardim Ângela e Jardim São Luís, com mais de 560 mil habitantes, perdeu 46% dos recursos ou o equivalente a R$ 30 milhões. No entanto, nesse caso, a diferença é explicada pelos números absolutos - o bairro é o que tem o maior orçamento entre todas as subprefeituras, com mais de R$ 66 milhões previstos para este ano. No ano que vem, a administração regional com maior orçamento será a da Sé, com R$ 50 milhões previstos pela lei orçamentária. Mas essa subprefeitura também terá orçamento menor (-6,7%). A menor é a da região menos habitada: Parelheiros, na zona sul, com R$ 19,4 milhões (e queda de 19,8%).Emendas. Os vereadores têm até o dia 18 de dezembro para votar a proposta da Prefeitura. Nesse período, serão realizadas 31 audiências públicas, uma em cada subprefeitura. Representantes da oposição já se organizam para propor emendas que devolvam recursos a bairros mais periféricos, especialmente da zona leste."Está evidente que, com essa proposta, o prefeito Kassab está privilegiando grandes obras viárias em detrimento dos serviços de manutenção na periferia", afirma a vereadora Juliana Cardoso (PT). "Há um corte de 11% no orçamento das subprefeituras da zona leste, que é preocupante. Essa é uma oportunidade para os vereadores mostrarem a sua autonomia e mudarem a política de Robin Hood às avessas do prefeito."A principal obra viária tem previsão de consumir mais de R$ 2 bilhões dos cofres municipais. Trata-se de um túnel de 2, 4 km para ligar a Marginal do Pinheiros à Rodovia dos Imigrantes. No pacote de gastos elevados, que inclui triplicar os investimentos, constam ainda reajustes acima da inflação para professores, médicos e guardas.Equilíbrio. A diferença de valores, segundo o secretário municipal de Planejamento, Rubens Chammas, deve ser equilibrada com emendas parlamentares. "No ano passado, a Câmara aumentou o Orçamento em R$ 1 bilhão. Grande parte foi direto para as subprefeituras", explica o secretário.Chammas, no entanto, afirmou que a proposta atual já assegura aumento no porcentual destinado à zeladoria em todas as subprefeituras. "As verbas são divididas entre serviços de manutenção, pagamento de pessoal e projetos. Na manutenção, que é a zeladoria, a proposta é destinar R$ 600 milhões para toda a cidade. É um aumento de 18% se comparado ao valor inicial deste ano", afirma.O secretário ainda rebateu as críticas relacionadas à divisão dos recursos entre bairros nobres e periféricos. "A Subprefeitura de Pinheiros é muito grande e gasta mais com podas de árvores do que Itaquera, por exemplo, que, por sua vez, gasta mais com limpeza de córregos. Os gastos são distintos, não dá para comparar."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.