STF revoga prisão preventiva de acusado de matar a própria filha em SP

Marco Aurélio Mello destacou princípio da culpabilidade, que manda que, após comprovada a culpa, deve-se prender o acusado e não o contrário

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Por Alexandre Hisayasu
Atualização:

SÃO PAULO - O Supremo Tribunal Federal (STF) revogou a prisão preventiva de Ricardo Najjar, acusado de matar a filha, Sophia, de 4 anos, em dezembro de 2015, na zona sul da capital paulista. A decisão, em caráter liminar, é do ministro Marco Aurélio Mello, e foi publicada há sete dias. 

O ministro considerou todos os argumentos dos advogados de Najjar, que tinha 23 anos na época do crime e estava preso desde o início das investigações. Os defensores alegaram que o suspeito não possui os requisitos apresentados pelo Ministério Público Estadual (MPE) para justificar a sua prisão. Eles afirmaram que Najjar é uma pessoa idônea, que não representa risco à ordem pública ou à instrução processual. Afirmaram ainda que a manutenção da prisão nada mais é do que antecipação de pena.

A menina Sophia, de 4 anos, foi encontrada morta no apartamento do pai Foto: Reprodução

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Em seu despacho, Mello diz que o princípio da culpabilidade manda que, após comprovada a culpa, deve-se prender o acusado e não o contrário. “Aludiu-se à periculosidade do paciente e ao risco de destruição de provas e de intimidação de testemunhas, apontando como dado concreto o suposto fato de ter simulado a morte da vítima. Partiu-se da capacidade intuitiva, olvidando-se que a presunção seria de postura digna, ante o fato de estar submetido aos holofotes da Justiça.”

Por fim, o ministro relator afirma que houve “excesso de prazo da segregação”. O Estado não conseguiu contato com o advogado de Najjar, Antônio Fernandes Ruiz Filho, para comentar o caso nesta quarta-feira, 7.

Investigação. Sophia foi encontrada morta no apartamento em que morava com o pai, Najjar, no Jabaquara, na zona sul, em 2 de dezembro. No começo das apurações, foi levantada a suspeita de que a morte havia sido um acidente. Mas a hipótese logo foi descartada pelos investigadores.

O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) apurou que o suspeito estava apressado para encontrar a namorada e deu um tapa na orelha de Sophia após ficar “aborrecido” com a criança. As agressões continuaram e, ao perceber que a menina havia morrido, usou um saco para simular um acidente. Os laudos periciais concluíram que Sophia morreu sufocada por esganadura, teve o tímpano esquerdo estourado, sofreu um edema cerebral e ficou com 21 hematomas espalhados pelo corpo. 

Antes de procurar o STF, a defesa pediu a liberdade provisória de Najjar para o Tribunal de Justiça de São Paulo e Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ambos haviam negado.

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