SP tem 88 municípios com risco de desastre por deslizamentos
Monitoramento inclui Francisco Morato, Mairiporã e a capital paulista
Por Fabio de Castro
Atualização:
SÃO PAULO - Em todo o Brasil, 957 municípios são monitorados pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Ambientais (Cemaden), do governo federal. Todos têm histórico de desastres causados por deslizamentos. Desse total, 88 municípios estão no Estado de São Paulo - incluindo Mairiporã e Francisco Morato. De acordo com o último levantamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, de 2011, só na capital existem 407 áreas de risco.
PUBLICIDADE
De acordo com o coordenador da Defesa Civil da Região Metropolitana de São Paulo, Alfredo Pisani, o Estado aprimorou o sistema de monitoramento e alertas para deslizamentos e inundações na última década, com investimentos federais, estaduais e dos municípios. Mas, mesmo com tecnologias cada vez mais modernas, os desastres e mortes causados pelas chuvas só poderão ser evitados com a remoção de ocupações irregulares em área de risco.
Segundo Pisani, o Cemaden instalou mais de cem equipamentos de monitoramento só em São Paulo. O governo paulista ampliou os sistemas de telemetria - tecnologia sem fio de transmissão de dados - e tem quase 200 pontos de monitoramento na faixa leste do Estado.
Além disso, Pisani afirma que o monitoramento por radares meteorológicos evoluiu bastante na última década. Há dez anos, só havia três radares no Estado e o principal, em Salesópolis, estava obsoleto. Ele foi substituído por um modelo sofisticado - que faz varreduras a cada 10 minutos em um raio de 240 quilômetros. Além disso, a Universidade de São Paulo (USP) opera dois radares na capital e a Universidade Estadual Paulista (Unesp) tem mais dois no interior do Estado - em Bauru e em Presidente Prudente. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) também opera três outros radares de pequeno porte.
“As três esferas de governo aplicaram bastante em monitoramento de desastres. Esses sistemas têm um certo nível de integração e as informações são enviadas em tempo real. A Defesa Civil acompanha e age quando há um alerta”, disse Pisani.
Chuvas deixam mortos na Grande São Paulo
1 / 36Chuvas deixam mortos na Grande São Paulo
Franco da Rocha
A presidente Dilma Rousseff sobrevoou em 12 de março áreas atingidas pela enchente em Franco da Rocha, a 45 quilômetros da capital paulista Foto: Roberto Stuckert Filho/Divulgação
Franco da Rocha
Após sobrevoar a região, Dilma Rousselfparticipou de umareunião na Escola Superior dos Bombeiros, em Franco da Rocha Foto: Felipe Rau/Estadão
Franco da Rocha
Dilma se reuniu com o governador Geraldo Alckmin e com o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, e visitou algumas áreas af... Foto: Felipe Rau/EstadãoMais
Mairiporã
A região visitada pela presidente sofreu grandes perdas por causa da chuva. Nesta foto, Carlos (blusa azul), morador do local, orienta os bombeiros so... Foto: Felipe Rau/EstadãoMais
Franco da Rocha
Vista aérea de Franco da Rocha, alagada pelas chuvas Foto: MARCEL NAVES/ESTADÃO
Franco da Rocha
Vista aérea de Franco da Rocha, alagada pelas chuvas Foto: MARCEL NAVES/ESTADÃO
Franco da Rocha
Vista aérea de Franco da Rocha, alagada pelas chuvas Foto: MARCEL NAVES/ESTADÃO
Francisco Morato
Francisco Morato foi a cidade do Estado de São Paulo com o maior número de mortes decorrentes das chuvas Foto: José Patrício/Estadão
Francisco Morato
Na Rua Raul Pompeia, em Francisco Morato, um casal morreu soterrado Foto: José Patrício/Estadão
Francisco Morato
Carro foi engolido pela lama após deslizamento em Francisco Morato Foto: José Patrício/Estadão
Francisco Morato
Parentes aguardamcarro do Instituto Médico Legal para remover os corpos de vítimas de soterramento em Francisco Morato Foto: José Patrício/Estadão
Francisco Morato
A Defesa Civil de Francisco Morato informou que há, no mínimo, 15 pontos com risco de desabamento na cidade Foto: José Patrício/Estadão
Francisco Morato
A prefeitura de Francisco Morato informou que durante todo o ano monitora as áreas de risco e realiza serviços de manutenção e limpeza nos córregos e ... Foto: José Patrício/EstadãoMais
Francisco Morato
Por determinação da prefeitura de Francisco Morato, todos os servidores públicos estão à disposição para atendimento às ocorrências Foto: José Patrício/Estadão
Mairiporã
Em Mairiporã, na Grande São Paulo, imóveis desabaram na Rua Primavera e mataram moradores Foto: Felipe Rau/Estadão
Mairiporã
Bombeiros socorrem feridos em Mairiporã e seguem trabalhos de buscas por vítimas Foto: Felipe Rau/Estadão
Mairiporã
Mairiporã foi fortemente atingida pelas chuvas na noite de 10 de março Foto: Felipe Rau/Estadão
Mairiporã
Mairiporã se localiza ao norte da região metropolitana de São Paulo Foto: Felipe Rau/Estadão
Mairiporã
Os bombeiros estão desde o início da manhã de 11 de março buscando vítimas Foto: Felipe Rau/Estadão
São Paulo
A Marginal do Tietê, na capital paulista, alagou com o transbordamento do rio Foto: Hélvio Romero/Estadão
São Paulo
Motoristas enfrentaram dificuldades para trafegar pela Marginal do Tietê Foto: Hélvio Romero/Estadão
São Paulo
A água do Rio Tietê ficou com cor marrom Foto: Hélvio Romero/Estadão
São Paulo
No centro, a Ponte da Casa Verde; ao fundo, a Ponte Governador Orestes Quércia, conhecida como Estaiadinha Foto: Hélvio Romero/Estadão
São Paulo
Segundo meteorologista do Climatempo, a chuva volumosa era esperada desde o início da semana Foto: Hélvio Romero/Estadão
São Paulo
Na capital, a Marginal do Tietê ficou alagada; na altura da Ponte da Casa Verde, carros atravessaram o canteiro central para fugir dos pontos intransi... Foto: Bianca Pinto Lima/EstadãoMais
São Paulo
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), cancelou todos os compromissos do dia e entrou em contato com os prefeitos das cidades atingidas Foto: Hélvio Romero/Estadão
São Paulo
A maioria das estações do Centro de Gerenciamento de Emergências registrou mais de 60 mm e uma chegou a marcar 96 mm Foto: Hélvio Romero/Estadão
São Paulo
O mês de março marca o fim do período chuvoso na região metropolitana de São Paulo Foto: Hélvio Romero/Estadão
São Paulo
A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, na Vila Leopoldina, zona oeste da capital, ficou com pontos de alagamento Foto: Juliana Diógenes/Estadão
São Paulo
Os portões 3, 13 e 14 da Ceagesp chegaram a ser interditadas para o tráfego de caminhões por volta das 9 horas Foto: Juliana Diógenes/Estadão
São Paulo
Área interditada na Ceagesp mais prejudicadafoi o Pavilhão das Melancias Foto: Juliana Diógenes/Estadão
São Paulo
Todos os produtos atingidos pela água na Ceagesp tiveram de ser descartados Foto: Juliana Diógenes/Estadão
São Paulo
Apesar da tempestade, a feira das flores ocorreu normalmente entre a meia-noite e as 8 horas Foto: Juliana Diógenes/Estadão
São Paulo
Equipes trabalharam toda a manhã para a limpeza da Ceagesp Foto: Juliana Diógenes/Estadão
Itatiba
A água invadiu biblioteca de Itatiba, no interior de São Paulo, e provocou estragos Foto: Clelia Lima
Campinas
Praça Beira-Rio, em Sousas, distrito de Campinas, ficou alagada na madrugada de 11 de março após o Rio Atibaia transbordar Foto: Divulgação
Remoção. Para ele, apesar de toda a tecnologia de monitoramento, os desastres só terão fim quando houver investimentos na remoção da população que vive nas áreas de risco. “Retirar uma ocupação irregular envolve desapropriações e realocação em outras áreas, o que tem alto custo. São muitas áreas de risco, mas a solução correta seria localizar todas e eliminá-las.”
“Hoje, a convivência com o risco é a linha de ação do Plano Preventivo da Defesa Civil. Ela consiste em cadastrar as áreas de risco, classificá-las em níveis e determinar o índice de chuvas que dispara o alerta. Quando as chuvas chegam nesses valores, nessas áreas, as pessoas são retiradas”, explicou ele. Dessa forma, não há como evitar tragédias como a desta sexta. “Em Mairiporã, especificamente, existem alguns sensores tanto do Cemaden quanto estaduais. Mas há limitações para certos eventos. O estado de atenção é declarado quando a chuva acumula 60 milímetros em três dias. Só ontem (sexta), tivemos de 100 a 160 milímetros naquela área entre 19 horas e meia-noite. Não há sistema de monitoramento que resista a uma chuva tão violenta.”