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SP tem 522 mil pessoas em área de risco

Estudo inédito mostra que problema se concentra na Região Metropolitana: um em cada seis lugares perigosos está localizado na capital

Por Alberto Bombig
Atualização:

Pesquisa da Fundação Seade encomendada pela Secretaria da Habitação traçou o mais completo mapa de áreas de risco de São Paulo. Segundo o levantamento, obtido com exclusividade pelo Estado, pelo menos 522 mil pessoas vivem em locais impróprios para o assentamento humano no mais rico Estado da federação. Se fossem aglomerados no mesmo espaço urbano, esses habitantes formariam uma cidade quase do tamanho de São Caetano do Sul e Diadema juntas (535.610 habitantes).Outra revelação da pesquisa é que as áreas de risco não estão concentradas apenas na Região Metropolitana e no litoral. No total, são 173.978 domicílios localizados em 3.042 locais impróprios que estão espalhados por 232 municípios dos 645 do Estado de São Paulo.A maior incidência do problema, no entanto, ocorre mesmo na Região Metropolitana da capital, onde 92% das cidades têm famílias vivendo em locais inadequados e sujeitos a desastres ambientais. Só o Município de São Paulo responde por 562 áreas de risco identificadas - 18,5% do total -, com 36 mil domicílios.Conforme os cálculos da Fundação Seade, vinculada à Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo, cada domicílio tem em média três moradores. O levantamento foi feito no decorrer do ano passado e pesquisou 594 dos 645 municípios paulistas. O estudo inédito vai nortear as ações da Secretaria da Habitação na remoção de moradores dessas áreas e consequente reurbanização de favelas - 4.153 distribuídas em 133 municípios, 20% do total do Estado."Essa é uma questão que está sendo levantada com mais preocupação nos últimos anos. Antes, os governos esperavam os problemas para fazer o socorro depois. A política hoje é outra e tem de investir na prevenção", afirma o secretário estadual da Habitação, Silvio Torres.Para isso, segundo ele, a secretaria decidiu centrar sua política de habitação nos locais críticos. "A nossa prioridade é a área de risco", afirma Torres. No verão passado, pelo menos 29 pessoas morreram no Estado de São Paulo em decorrência de alagamentos e desmoronamentos. Em 2010, a cidade histórica de São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba, foi praticamente destruída por um temporal.As ações do governo se dividem basicamente entre a remoção de famílias dos locais de risco e a urbanização de favelas e áreas degradadas. No primeiro caso, a retirada é imediata e o Estado concede um auxílio-moradia emergencial aos removidos, que, mais adiante, serão incluídos em programas habitacionais da secretaria. Neste ano, o orçamento da pasta tem R$ 2,3 bilhões - R$ 1,8 bilhão para investimentos na tentativa de atingir a meta de 40 mil unidades em construção. Serra do Mar. Fora da Região Metropolitana de São Paulo, as piores situações estão na Baixada Santista e no Vale do Ribeira. Mais de 70% dos municípios dessas regiões têm ocorrências de áreas de risco. Por conta desses índices, o governo criou um programa específico para o litoral.Nesses locais, 639 família já foram para moradias da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) do Estado e 456 recebem auxílio moradia de R$ 400 por mês, até que seja construída a casa definitiva.O número de famílias que deverão deixar áreas de risco ou de preservação ambiental na Serra do Mar deverá chegar a 5 mil neste ano, segundo a secretaria.

 

 

 

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