SP surpreende e conquista estrangeiros

Preparados para o pior, gringos elogiam metrô, comida e hospitalidade do paulistano; altos preços e sujeira, porém, assustam viajantes

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Por Laura Maia de Castro
Atualização:

SÃO PAULO - Ninguém precisa mais imaginar como seria na Copa. Ela chegou há dez dias, trouxe um mar de estrangeiros para a capital paulista e bem menos problemas do que o esperado. "Falaram muito sobre a falta de organização e segurança, mas nós não passamos por nenhuma situação difícil. Tudo tem funcionado bem", disse a inglesa Mary Yanni, de 28 anos. Em geral, assim como Mary, turistas de outros países que circulam pelas ruas de São Paulo revelam surpresa com a infraestrutura e as atrações da metrópole.

O inglês Paul Clay, de 35 anos, provou até torresmo nas padarias da cidade Foto: FOTO: Rafael Arbex/ Estadão

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Eles dizem que a comunicação em outras línguas está complicada, mas garantem que as mímicas e a hospitalidade paulistana têm dado conta do recado. Há uma semana em São Paulo, Mary e mais duas amigas escolheram o metrô como meio de transporte e se surpreenderam com a rede. "Não esperava. O metrô é mais limpo, mais barato e até melhor que o de Londres", diz Stephanie Gallegos, também de 28 anos. 

Quando disseram para amigos e parentes que viriam ao Brasil, as inglesas tiveram de ouvir recomendações de todas as partes. As três, que são amigas desde o tempo da escola, já tinham viajado juntas para a Copa na Alemanha, em 2006, e hoje dizem que aqui no Brasil há "mais coisas para ver". "Definitivamente, temos de voltar", disse Stephanie sem esconder a empolgação durante o passeio pela Avenida Paulista.

Nas escadas da Pinacoteca, na Luz, centro da cidade, o engenheiro indiano Rakesh Karun, de 38 anos, e mais três amigos também da época da escola escolhiam o próximo destino turístico com um mapa da cidade na mão. Ele elogiou o transporte público e disse que houve mais organização do que esperava. "Diante das notícias que víamos antes de chegar aqui, esperávamos o caos, mas não foi isso que encontramos. Na realidade, houve mais organização até do que já vimos em alguns países europeus." 

Karun disse que nos primeiros dias em São Paulo, eles passaram sufoco para conseguir se comunicar, mas logo se adaptaram. "Depois que aprendemos palavras básicas como frango, arroz e caipirinha, ficou mais fácil de se comunicar e comer nos restaurantes", brincou. 

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O inglês Paul Clay, de 35 anos, também aprendeu nomes de comida. Por volta de 12h de anteontem, ele e outros dois amigos tomavam cerveja e comiam torresmo em uma lanchonete no Largo do Paiçandu, na região central. Ele disse que adorou os sabores que experimentou até agora em São Paulo. "Comi churrasquinho, coxinha e torresmo", dizia ele apontando para os salgados da estufa. 

Clay afirmou que o grupo foi bem recebido no Brasil, mas que houve um dia que um taxista quis "se dar bem". "Saindo da Vila Madalena, o táxi até o hotel deu R$ 10 mais caro do que o dia anterior. Sabíamos que ele tinha dado uma volta desnecessária, mas logo falamos que não íamos pagar e ele diminuiu o preço."

Na estrada. A dona de casa colombiana Clemencia Bautista, de 61 anos, não tem recorrido aos serviços de taxistas. Ela e a família vieram desde Porto Alegre de carro e os altos custos da cidade surpreenderam os colombianos. "Achava que o trânsito ia ser pior por causa do tamanho de São Paulo, mas o que me impressionou foram os preços dos estacionamentos."

O empresário costa-riquenho Bernal Corrales, de 41 anos, entretanto, elogiou os taxistas da capital. O único ponto negativo que ele e os amigos de viagem destacaram foi em relação à limpeza. "Achei que seria mais limpo. Há muitas pichações por todos os lados, não esperava isso. Dá um ar de degradado em algumas partes da cidade." 

Corrales esperava que houvesse manifestações a todo instante e temia pelo deslocamento do grupo. "Por causa das notícias de antes do Mundial, achávamos que não conseguiríamos nos locomover pela cidade, mas isso não aconteceu. Vimos apenas um ato com cerca de 30 pessoas", disse, ao sair do Mercadão, na região central. E o caos tão esperado não chegou e os gringos, empolgados, se espalharam, além do centro, também pela região da Avenida Paulista e Vila Madalena.

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