SP instalará 200 radares em faixas de ônibus e prevê até R$ 1,2 bi em multas

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Por CAIO DO VALLE
Atualização:

Até o fim do ano, a cidade de São Paulo ganhará 200 novos radares de trânsito, todos voltados para a fiscalização da invasão das faixas exclusivas de ônibus. Com os novos equipamentos e o aumento das faixas de ônibus, a arrecadação da Prefeitura de São Paulo com as infrações deverá subir 22% no ano que vem, na comparação com o previsto para 2013. É o que prevê a proposta de orçamento encaminhada para a Câmara Municipal. Pela primeira vez, a arrecadação com as multas deverá passar de R$ 1 bilhão.

Atualmente, os aparelhos de fiscalização estão localizados principalmente nas áreas centrais. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), agora a ideia é ampliar o monitoramento para todas as regiões da cidade, até as faixas mais "distantes do centro", onde há "altos índices de infrações".

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Todos os novos radares passarão a funcionar sob a vigência do contrato que já vigora para a fiscalização do trânsito. Outra licitação lançada neste ano pela gestão Fernando Haddad (PT) previa a troca de 436 radares fixos por modelos mais modernos, capazes de ler as placas dos automóveis e autuar os infratores. Além disso, seriam instalados mais 85 radares pela capital. Esse processo, no entanto, foi suspenso em julho pela Secretaria Municipal dos Transportes, após questionamentos do Tribunal de Contas do Município (TCM) a respeito da modalidade escolhida para a contratação do serviço. Ainda não há prazo para relançamento.

Com o rápido aumento do número de faixas à direita exclusivas para os ônibus - a principal aposta do primeiro ano do governo Haddad no setor de transportes -, torna-se naturalmente maior o risco de motoristas de carros, motos e caminhões serem multados por invasão.

Orçamento.

A própria CET admite que esse fato contribuirá para o aumento da arrecadação com multas. Para o próximo ano, conforme a proposta orçamentária apresentada pela Prefeitura nesta semana, o Executivo municipal espera arrecadar R$ 1,190 bilhão com infrações de trânsito. A peça encaminhada pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) no ano passado estimava R$ 925 milhões com multas de trânsito. Reajustada segundo a inflação do último ano (até agosto), chegaria a R$ 976 milhões.

O aumento do número de aparelhos, interpretado como positivo por especialistas ouvidos pelo Estado, tem como meta priorizar o transporte público. Para o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito (Abeetrans), Silvio Médici, o incremento da fiscalização das faixas de ônibus é necessário para melhorar a fluidez dos coletivos. "Mas também é preciso aumentar a qualidade dos ônibus, não só aumentar sua velocidade média. Só assim o usuário do carro passará a migrar de modal."

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Especialista em engenharia de tráfego, Alexandre Zum Winkel ressalta que a filosofia do setor é calcada no tripé engenharia, educação e fiscalização. "Quando algum desses pés se rompe, o sistema não funciona. Assim, a fiscalização é o único jeito de garantir que as pessoas tenham respeito e para que novos processos viários sejam efetivados com sucesso. Não pode ser só para inglês ver." Ele cita como exemplo a fiscalização intensiva em torno da obrigatoriedade do cinto de segurança, no fim dos anos 1990. "Hoje, não é mais tão imprescindível tanta fiscalização, a não ser na periferia, pois a cultura já se instalou."

A CET não informou onde serão instalados exatamente os 200 radares.

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