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SP congela metade da verba de tapa-buraco

Kassab promete recapear a cidade, mas retém R$ 120 milhões da área

Por Felipe Oda e Naiana Oscar - Jornal da Tarde
Atualização:

OBSTÁCULOS - Cidade tem em média um buraco a cada 400 metros; no horário de pico, motorista encontra com um a cada minuto rodado

 

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SÃO PAULO - No ano em que a Prefeitura de São Paulo promete retomar o programa de recapeamento na cidade, metade dos recursos previstos no Orçamento para obras de pavimentação e manutenção de ruas foi congelada. Dos R$ 242 milhões que seriam destinados a serviços de melhoria das vias paulistanas, R$ 120 milhões estão retidos.

 

Temendo uma queda na arrecadação por causa da crise econômica, a administração municipal também congelou os investimentos em recapeamento, no ano passado. A arrecadação, no entanto, foi 3,6% maior que em 2008, sem correção da inflação. O reflexo dessa decisão é sentido agora pela cidade, no período das fortes chuvas, quando os alagamentos facilmente abrem buracos.

 

Na semana passada, a reportagem percorreu 114 quilômetros pelas principais ruas da capital e contou 288 buracos: um a cada 400 metros. Significa dizer que o motorista que circula numa velocidade de 25 km/h (a média do pico da manhã) encontra um buraco por minuto.

 

O superintendente das Usinas de Asfalto, Eugênio Pavicic, admitiu que as deformações do asfalto foram agravadas pelas chuvas e pelo atraso do recapeamento no ano passado. Com alagamentos, fica mais difícil também manter o ritmo das operações tapa-buraco.

 

O congelamento dos recursos para manutenção de ruas faz parte de um contingenciamento de R$ 2 bilhões anunciado há duas semanas pelo secretário municipal de Planejamento, Rubens Chammas. O Orçamento total é de R$ 27,9 bilhões para este ano. A gestão Gilberto Kassab (DEM) alega que os recursos foram represados para novos projetos. Procurada para comentar o congelamento de verbas de recapeamento, a Prefeitura não respondeu até as 20 horas de ontem.

 

As emendas sugeridas por vereadores e que indicam obras de recapeamento também devem ficar paradas. Até o dia 26 de janeiro, o Orçamento contava com 84 emendas. Juntas, as propostas custariam cerca de R$ 8 milhões.

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Mesmo assim, o superintendente das Usinas de Asfalto havia garantido à reportagem que entre março e abril os paulistanos já perceberiam uma "melhora real" ao trafegar pelas ruas. A meta para este ano é retomar a média de 22 km de ruas recapeadas por mês, o que exigiria investimentos mensais de R$ 10 milhões.

 

O coordenador de Pavimentação Urbana da Associação Brasileira de Pavimentação, Fernando Augusto Júnior, reforça a importância do recapeamento periódico para evitar o surgimento de buracos. "O programa ‘tapa-buracos’ da Prefeitura é importante, mas paliativo", disse. "Sem o recapeamento ou da maneira como é executado, o asfalto trinca e a água penetra. A infiltração colabora com o desgaste do pavimento e surgimento de buracos".

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