
02 de dezembro de 2010 | 00h00
Convocada às pressas pelo Conselho de Secretários Estaduais de Segurança Pública, uma reunião em Brasília aprovou ontem documento apoiando um plano conjunto dos governos federal e fluminense para evitar a migração de bandidos em fuga para outros Estados, onde serão "caçados sem trégua". O conselho também decidiu oferecer ao Rio auxílio da Força Nacional de Segurança Pública, recusado num primeiro momento.
Antes mesmo do plano, vários Estados já haviam reforçado a segurança nos limites para barrar passagem de criminosos, drogas, armas e veículos roubados. Em São Paulo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) intensificou operações nas Rodovias Rio-Santos (BR-101), na saída de Ubatuba, e Presidente Dutra (BR-116), em Queluz.
Na Dutra, ainda ocorrem operações conjuntas com a Polícia Militar na área de Lavrinhas. A fiscalização acontece de forma mais intensa na pista sentido São Paulo. Segundo o inspetor Alexandre Freitas, até agora foi efetuada a prisão de apenas uma pessoa que tinha mandado por agressão e receptação, mas sem relação com os acontecimentos no Rio.
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Em Minas, a PRF informou ter deslocado já no fim de semana mais policias para as divisas com o Rio. A operação foi montada na BR-040, principal ligação com o Estado vizinho. A PRF também intensificou a fiscalização, com blitze em horários e locais alternados, na BR-116. Já a PM mineira reforçou, desde quinta-feira, o policiamento na região da Zona da Mata, que fica na divisa dos dois Estados, com esforço concentrado em cidades como Juiz de Fora, Simão Pereira, Ubá, Muriaé e Leopoldina, todas próximas do Rio.
Pernambuco é outro Estado preparado para enfrentar eventual migração de traficantes. A vigilância foi reforçada em Petrolina (sertão), Garanhuns (agreste), Quipapá, Palmares e Barreiros, além da capital e da região metropolitana.
Discussão. Para o desembargador aposentado Wálter Fanganiello Maierovitch, esses reforços são positivos. "Evidentemente que eles (os criminosos) poderão tentar deixar o Rio. Essas organizações fazem esses ataques espetaculares, a exemplo do PCC em maio de 2006 em São Paulo, e depois submergem para se reorganizar. O Comando Vermelho (CV), a Amigos dos Amigos (ADA) e as milícias fizeram uma confederação criminal. Seguramente vão querer o apoio de outros Estados."
O pesquisador Guaracy Minguardi, integrante do Fórum Brasileiro de Segurança, é a favor das medidas, mas faz uma ressalva. "Podem ser até importantes, mas precisa ver se não é melhor concentrar no Rio, onde o problema está acontecendo agora", disse. "Teria de haver um trabalho conjugado das polícias e saber quem se está procurando." VANNILDO MENDES, ELVIS PEREIRA, ANGELA LACERDA, EDUARDO KATTAH, MARCELO PORTELA e JOÃO CARLOS DE FARIA, ESPECIAL PARA O ESTADO
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