Sotaque caipira pode virar patrimônio imaterial de Piracicaba

Grupo entrou com pedido em conselho da cidade; justificativa é que ênfase no 'erre' se tornou marca da identidade cultural da população

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Por José Maria Tomazela
Atualização:
O jeito de falar do morador de Piracicaba já virou tema de um livro. Na foto, jovens às margens do Rio Piracicaba Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

SOROCABA - O jeito de falar acaipirado, puxando bastante o “erre”, pode se tornar patrimônio imaterial de Piracicaba, no interior de São Paulo. Um grupo de associações da “terra da pamonha” entrou com pedido no Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba (Codepac) para que o falar “caipiracicabano” seja registrado como patrimônio do município. A justificativa é de que o modo de falar caracteriza o morador de Piracicaba desde o século 18 e se tornou marca da identidade cultural da população.

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O pedido foi protocolado no último dia 15, assinado por representantes de instituições como o Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (IHGP), Academia Piracicabana de Letras (APL), Associação Piracicabana e Artistas Plásticos (Apap) e Instituto Cecílio Elias Netto (Icen). De acordo com o presidente do Codepac, Mauro Rontani, uma comissão formada por quatro conselheiros, entre eles historiadores e museólogos, deve elaborar em 20 dias um relatório com pareceres sobre o pedido.

O assunto será objeto de deliberação na próxima reunião do conselho, dia 13 de maio. Segundo Rontani, o relatório será submetido à votação e os conselheiros devem definir se o “caipiracicabano” pode se tornar patrimônio cultural como registro imaterial. Ele mesmo acredita que a forma de falar já se tornou uma marca de Piracicaba. Após a conclusão do processo municipal, pode ser encaminhado um pedido de reconhecimento às instâncias estadual e federal. “O caipiracicabano é extremamente enraizado, o 'erre' puxado remete à cidade e seu uso independe da posição social ou nível educacional”, afirmou.

O jeito de falar do morador de Piracicaba já virou tema de um livro. A primeira edição do Dicionário Caipiracicabano, do jornalista Cecílio Elias Netto, foi lançada em 2001, trazendo frases e expressões publicadas desde 1987 na coluna 'Arco, Tarco e Verva', do jornal impresso 'A Província'. Com seis edições lançadas, o dicionário traz mais de 600 verbetes explicativos sobre expressões típicas do piracicabano.

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