
05 de janeiro de 2014 | 02h01
Em 1h30, um muro malcuidado de uma casa no Cambuci, centro de São Paulo, foi transformado em arte pelo grafiteiro Guilherme Matsumoto (xguix). O desenho tomava forma aos poucos e as cores, das 18 latas de tinta, chamavam a atenção dos vizinhos. "Achei muito bonito e interessante. Quero um no meu muro também", diz o vendedor Sidnei Fernandes, de 55 anos, que acompanhou da calçada o trabalho de Matsumoto.
Em 2013, o artista conhecido por pintar peixes radioativos teve o trabalho facilitado por um site chamado Color+City (www.colorpluscity.com), cujo slogan é "Mais cor, por favor." O projeto possibilita, desde abril do ano passado, o encontro online de pessoas que querem ter seus muros pintados e artistas que buscam um local para se expressar.
Até agora, 375 muros já foram pintados e 1.021 estão reservados por causa do site. "Não é um projeto nosso, é um projeto para a cidade", diz um dos idealizadores, o designer Gabriel Pinheiro, de 24 anos.
O site foi selecionado como um dos projetos mais inovadores de 2013 pela consultoria inglesa Contagious. Na lista, o Color+City está ao lado de um criação do Banksy, um dos maiores nomes da arte de rua internacional. "Não é todo dia que nosso trabalho está ao lado de um Banksy", brinca Pinheiro.
A ideia surgiu quando ele e o outro idealizador, Victor Garcia, de 26 anos, ainda estavam na faculdade. Amantes da street art, os dois designers viram na tecnologia a possibilidade de espalhar a arte pela cidade, tendo o apoio do Google, da Cubo CC e outras organizações.
"Além de facilitar o encontro, o Color+City traz solução para questões como a autorização, uma vez que os donos de fachadas e muros fazem um cadastro, permitindo a pintura", diz Garcia.
Dependendo do acordo feito entre grafiteiros e os donos das "grandes telas" cadastradas, a pintura pode ou não ser remunerada. "Algumas pessoas entendem que a gente vive disso. Outras não podem pagar. Mas, hoje, eu trabalho com o que gosto", diz Matsumoto.
Rua. Entre as conquistas do site, os criadores destacam a aproximação proporcionada pela arte. "O projeto aproximou as pessoas das ruas, por torná-las mais convidativas, mas também aproximou pessoas de pessoas. Há casos em que os artistas criam vínculo com os donos do muro e se veem sempre. É muito bacana", diz Pinheiro.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.