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Sistema Cantareira tem 57% menos água do que tinha há 1 ano

Mesmo tendo recebido no trimestre volume maior do que o acumulado em 10 meses de 2014, estado do sistema é crítico

Por Fabio Leite
Atualização:

SÃO PAULO - Com dois meses consecutivos de chuvas acima da média, o Sistema Cantareira já recebeu neste ano um volume de água maior do que o acumulado em 10 meses de 2014. Mesmo assim, o manancial tem 57% menos água do que tinha há um ano.

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Segundo boletim da Agência Nacional de Águas (ANA), chegaram ao Cantareira 227,2 bilhões de litros neste primeiro trimestre, 137% a mais do que no mesmo período do ano passado (95,7 bilhões). O volume supera a soma da quantidade de água que entrou nas represas entre março e dezembro de 2014: 215 bilhões de litros. 

O manancial já registra neste mês chuvas 6,7% acima da média e deve terminar com a maior vazão afluente aos reservatórios desde abril de 2013. São 39,9 mil litros por segundo de água chegando às represas, índice ainda 33% abaixo da média do mês (59,5 mil l/s), mas 190% maior do que os 13,8 mil l/s registrados em março de 2014.

Sistema Cantareira já recebeu neste ano um volume de água maior do que o acumulado em 10 meses de 2014 Foto: EVELSON DE FREITAS/ESTADÂO

A melhora na entrada de água no sistema, iniciada em fevereiro, fez com que o governo Geraldo Alckmin (PSDB) adiasse a decisão sobre adoção do rodízio oficial no abastecimento de água na Grande São Paulo, onde 5,6 milhões de pessoas ainda dependem do Cantareira. Desde o mês passado, o nível do manancial subiu de 5% para 18,4%, considerando as duas cotas do volume morto. 

Com essa recuperação, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) acredita que agora é possível atravessar o período de estiagem, que vai de abril a setembro, sem precisar adotar o rodízio. Para isso, conta com a conclusão de obras emergenciais como a que vai captar mais água da Represa Billings e com o racionamento na distribuição por meio da redução da pressão e do fechamento da rede durante a maior parte do dia.

Foi com essas manobras, além da economia de água espontânea pela população, que a Sabesp conseguiu reduzir em 58% a retirada de água do Cantareira neste primeiro trimestre (100,6 bilhões de litros) em relação ao mesmo período de 2014, quando a captação atingiu 240,8 bilhões.

Apesar das medidas e da melhora das condições climatológicas no maior manancial paulista usado para abastecimento, o Cantareira tem hoje 243 bilhões de litros a menos do que há um ano, volume equivalente a 24,7% da capacidade original do sistema.

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No dia 27 de março de 2014, o índice era de 14%, mas não incluía os 287,5 bilhões de litros adicionais das duas cotas da reserva profunda das represas. Nesta sexta-feira, 27, restavam 181,1 bilhões de litros do volume morto. O problema agora é que a temporada chuvosa acabou. “As chuvas vão diminuindo gradativamente a partir de agora”, afirma o meteorologista Marcelo Seluchi, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

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