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Shopping JK Iguatemi reabre após protesto

Luxuoso estabelecimento na zona sul de São Paulo fechou as portas na tarde de sábado para evitar ato em apoio aos 'rolezinhos'

Por Fabio Leite
Atualização:

Com segurança reforçada, o Shopping JK Iguatemi, na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo, reabriu ontem normalmente após fechar as portas às pressas no início da tarde de sábado para impedir a entrada de cerca de 150 pessoas que protestavam em apoio aos "rolezinhos" nos centros de compras da capital. O estabelecimento não informou o prejuízo causado por ter ficado mais de 8 horas fechado. Os cartazes de protesto que haviam sido colados na fachada espelhada do shopping por estudantes e integrantes do movimento da causa negra Uneafro, organizador do ato, foram retirados, e até as pichações feitas na calçada do estabelecimento acusando o JK Iguatemi de racismo já tinham sido apagadas ontem. O local é um dos mais luxuosos centros de compras da cidade e não acionou a Justiça para tentar impedir o "rolezinho" por meio de liminar, como fez há uma semana. "Ainda não tenho opinião formada sobre isso. Ser contra esses 'rolezinhos' é ser contra a liberdade de expressão, ao direito de ir e vir. Mas é difícil ser a favor porque o jeito como é feito extrapola um pouco e entendo a preocupação do shopping com possíveis abusos", disse o advogado Carlos Rocha, de 57 anos, que passeou ontem à tarde pelo JK Iguatemi.No sábado, os manifestantes registraram um boletim de ocorrência no 96.º Distrito Policial, no Itaim-Bibi, zona sul, acusando o shopping de racismo por fechar as portas quando o grupo se aproximou do local. Eles carregavam bandeiras e instrumentos musicais. Pediram para entrar sem os apetrechos, mas não foram atendidos e só arredaram quando o shopping informou que não abriria mais naquele dia, por volta das 17h.Em nota, o JK Iguatemi disse que fechou as portas "com o compromisso de garantir a segurança de seus clientes, lojistas e colaboradores" e que "repudia veementemente qualquer acusação de preconceito por parte do empreendimento ou de seus funcionários". O shopping informou ainda que vai ressarcir todos que já haviam comprado ingressos para sessões de cinema e peça de teatro que ocorreriam no sábado.Um jovem que mora na Favela da Funchal, na Rua Coliseu, a cerca de 200 metros do shopping, disse ao Estado que já foi ao JK Iguatemi algumas vezes e que nunca sofreu nenhum tipo de discriminação por parte dos funcionários do estabelecimento. "Alguns olham torto, mas nunca me barraram ou pediram documento. Acho que o problema é quando entra muita gente de uma vez, mas eu sempre vou sozinho", contou o analista de suporte Erick Rodrigues, de 19 anos, que costuma frequentar a praça de alimentação.

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