Com segurança reforçada, o Shopping JK Iguatemi, na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo, reabriu ontem normalmente após fechar as portas às pressas no início da tarde de sábado para impedir a entrada de cerca de 150 pessoas que protestavam em apoio aos "rolezinhos" nos centros de compras da capital. O estabelecimento não informou o prejuízo causado por ter ficado mais de 8 horas fechado. Os cartazes de protesto que haviam sido colados na fachada espelhada do shopping por estudantes e integrantes do movimento da causa negra Uneafro, organizador do ato, foram retirados, e até as pichações feitas na calçada do estabelecimento acusando o JK Iguatemi de racismo já tinham sido apagadas ontem. O local é um dos mais luxuosos centros de compras da cidade e não acionou a Justiça para tentar impedir o "rolezinho" por meio de liminar, como fez há uma semana. "Ainda não tenho opinião formada sobre isso. Ser contra esses 'rolezinhos' é ser contra a liberdade de expressão, ao direito de ir e vir. Mas é difícil ser a favor porque o jeito como é feito extrapola um pouco e entendo a preocupação do shopping com possíveis abusos", disse o advogado Carlos Rocha, de 57 anos, que passeou ontem à tarde pelo JK Iguatemi.No sábado, os manifestantes registraram um boletim de ocorrência no 96.º Distrito Policial, no Itaim-Bibi, zona sul, acusando o shopping de racismo por fechar as portas quando o grupo se aproximou do local. Eles carregavam bandeiras e instrumentos musicais. Pediram para entrar sem os apetrechos, mas não foram atendidos e só arredaram quando o shopping informou que não abriria mais naquele dia, por volta das 17h.Em nota, o JK Iguatemi disse que fechou as portas "com o compromisso de garantir a segurança de seus clientes, lojistas e colaboradores" e que "repudia veementemente qualquer acusação de preconceito por parte do empreendimento ou de seus funcionários". O shopping informou ainda que vai ressarcir todos que já haviam comprado ingressos para sessões de cinema e peça de teatro que ocorreriam no sábado.Um jovem que mora na Favela da Funchal, na Rua Coliseu, a cerca de 200 metros do shopping, disse ao Estado que já foi ao JK Iguatemi algumas vezes e que nunca sofreu nenhum tipo de discriminação por parte dos funcionários do estabelecimento. "Alguns olham torto, mas nunca me barraram ou pediram documento. Acho que o problema é quando entra muita gente de uma vez, mas eu sempre vou sozinho", contou o analista de suporte Erick Rodrigues, de 19 anos, que costuma frequentar a praça de alimentação.