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'Setor é vítima da omissão do Estado', diz presidente de associação

Marcos Paiva rebate críticas sobre aparato de segurança de empresas de transportes de valores e pede reforço por parte do governo

Por Alexandre Hisayasu
Atualização:
Os criminosos levaram cerca de R$ 50 milhões da Protege, em Campinas, em 14 de março Foto: Epitácio Pessoa/Estadão

SÃO PAULO - Diante da recorrência de ataques a transportadoras de valores em São Paulo, autoridades da Segurança têm criticado o aparato de proteção montado por essas empresas para evitar os roubos. Para o presidente da Associação de Empresas de Transporte de Valores, Marcos Paiva, no entanto, há "omissão do Estado, não o contrário". Ele sustenta que, com o tipo de armamento usado pelas quadrilhas recentemente, não há como fazer frente a essas ações. A seguir, leia a entrevista:  

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A principal crítica da polícia é a falta de efetivo das empresas no momento do ataque dos bandidos. Na Prosegur, em Ribeirão Preto, apenas um segurança cuidava do prédio no momento da chegada dos bandidos. Há intenção de rever os procedimentos de segurança dos prédios?

As empresas seguem as regras do Departamento de Polícia Federal e investem centenas de milhões de reais anualmente em tecnologia e infraestrutura. O fato é que as quadrilhas que executaram assaltos às bases usaram armamento pesado, como explosivos e fuzis .50, de uso exclusivo das Forças Armadas, com poder de fogo muito superior aos armamentos permitidos às transportadoras, inclusive para a blindagem das bases, e à polícia.

Não importa o efetivo. Não há tecnologia ou contingente que consiga proteger as bases frente a este armamento. Com estas armas, os criminosos poderiam tranquilamente invadir qualquer base do exército brasileiro ou polícia. Ou as autoridades investigam de maneira séria e interrompam o uso de armamento de uso exclusivo do exército por criminosos ou este tipo de assalto vai continuar acontecendo. O foco deve ser coibir o tráfico de armas, que está descontrolado no Brasil.

O governador Geraldo Alckmin declarou esta semana que não é razoável uma empresa de valores deixar uma quantia grande de dinheiro guardada sem a devida segurança e isso coloca em risco a população. O que a ABTV acha disso?

O setor de transporte de valores é vítima da omissão do Estado, não o contrário. A responsabilização das transportadoras de valores é uma conclusão simplista e que coloca em risco toda a sociedade, pois não ataca o problema real: o tráfico de armas pesadas. A única proteção contra elas é impedir que cheguem na mão dos criminosos.

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, anunciou que a Polícia Federal fará um "pente fino" nas transportadoras. Segundo ele, a ação vai se estender até a inspeção dos valores que as empresas declaram guardar, pois "algumas vezes acabam não batendo com os valores subtraídos", declarou Moraes. Qual a posição da ABTV sobre essa declaração?

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A ABTV está aberta para contribuir com o que o poder público entender necessário. Esta é a nossa intenção: ajudar as autoridades a sanar o problema e estamos dispostos a isso. Sobre os valores, toda a operação do setor é auditada pelos bancos, incluindo a Febraban, e pelas seguradoras. Qualquer sugestão de irregularidade questiona a credibilidade destes agentes, além das empresas de transporte de valores.