Serra culpa CUT e PT por confronto entre polícias

PT de São Paulo repudia e diz que governador quer jogar "problema dele nas costas do partido"

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Por Débora Nogueira
Atualização:

O governador do Estado de São Paulo, José Serra (PSDB), acusou a manifestação dos policiais civis de ter cunho "político-eleitoral" em entrevista à TV Bandeirantes. Ele disse que estão tirando "proveito eleitoral" e nominalmente associou a CUT e a Força Sindical ao PT e ao PDT e disse que deputados participaram da manifestação com interesse eleitoral. "Isso foi claramente articulado, instrumentalizado, com essa perspectiva político-eleitoral", acusou o governador. Ele justificou a ação da Polícia Militar e disse que eles tentavam dissuadir os manifestantes e "evitar o uso da força". A Polícia Militar usou bombas de gás e atirou contra os manifestantes que tentavam chegar ao Palácio dos Bandeirantes, no início da tarde desta quinta-feira. O presidente do PT em São Paulo, José Américo Dias, disse ao estadao.com.br que o governo de José Serra tenta de forma "oportunista" jogar nas "costas do PT um problema que é dele". A CUT acusou o governador de 'ludibriar a opinião pública'.   Veja também: Serra não teve tato político para evitar conflito, diz líder do PT Protestos nos arredores da sede do governo de SP são proibidos Hospitais atenderam 17 feridos em confronto entre polícias Tarso é evasivo ao comentar confronto das polícias em SP 'Serra joga nas nossas costas problema que é dele', diz PT-SP Força Sindical repudia confronto entre PM e Polícia Civil Galeria de fotos do conflito no Morumbi  Antes da manifestação, Serra disse que 'não negocia com greve'   Todas as notícias sobre a greve      "Tem até líder do PT da Assembléia Legislativa querendo tirar casquinha", acusou Serra, sem citar nomes. Serra apóia o candidato do DEM, o atual prefeito Gilberto Kassab, que está 12 pontos porcentuais à frente da adversária do PT, Marta Suplicy, segundo pesquisa Ibope divulgada ontem. "Tem política no meio desse assunto", criticou, e emendou: "Puseram armas e interesses políticos no meio." Serra afirmou ainda que os manifestantes são "minoria" e que nem todos eram policiais. Segundo o governador, havia entre 1200 e 3500 manifestantes próximos ao Palácio. "Arma é para defender o povo e não pode ser usada em manifestação de categoria", afirmou. "Isso não é o que a população espera da Polícia", disse.   O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), o Paulinho da Força Sindical, divulgou nota no fim da tarde desta quinta-feira, 16, repudiando o confronto entre a Polícia Militar e Polícia Civil na capital paulista. No comunicado, a Força Sindical destaca: "É intolerável que um governador eleito democraticamente utilize métodos truculentos contra servidores em luta. Demandamos que o governo do Estado retome o caminho da negociação e atenda as justas reivindicações dos policiais civis, pois valorizar a função e a carreira do policial é parte fundamental de uma política de segurança pública democrática e eficiente."    Negociação   O governador considerou como "razoável" a proposta de reajuste salarial do Governo. Para ele, "em nenhum momento se deixou de negociar, mas negociar com arma na mão não dá". Na semana passada, a categoria suspendeu a greve por 48 horas, na tentativa de dialogar com o governo. "Mas não recebemos nenhuma proposta concreta. O governo continua intransigente", diz Sérgio Marcos Roque, presidente da Associação dos Delegados do Estado de São Paulo.   O governo propõe aumento linear de 6,2% a policiais civis da ativa, aposentados e pensionistas; aposentadoria especial; reestruturação das carreiras com a eliminação da 5ª classe e a transformação da 4ª classe em estágio probatório; e a fixação de intervalos salariais de 10,5% entre as classes. Os policiais civis pedem 15% de reposição salarial este ano, mais 12% em 2009 e outros 12% em 2010, além de eleição para delegado geral, definição de critérios para promoção, regulamentação da aposentadoria após 30 anos de carreira e fixação de carga horária em 40 horas semanais.   Confronto   O confronto começou quando a PM barrou a passagem de uma passeata dos policiais civis rumo ao Palácio do Bandeirantes, sede do governo estadual. Houve tiroteio e pelo menos 12 pessoas saíram feridas, entre elas o coronel Antão, um dos negociadores da greve, que foi levado ao Hospital Albert Einstein.   Mais cedo, a assessoria de imprensa informou que os manifestantes iriam enviar um representante do comando de greve da Polícia Civil, momentos antes do confronto com a Polícia Militar. Esse encontro só não teria acontecido por causa da confusão, que resultou em tiroteio e deixou diversos feridos. O deputado estadual Roberto Felício (PT) informou que diferentemente do oficial, os manifestantes teriam se exaltado quando receberam a notícia que não seriam recebidos pelo governador José Serra para negociar a greve.   (Com Carolina Ruhman, da Agência Estado)

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